Summary:
O tema da liberdade humana é vasto e complexo, podendo ser analisado sob diversas perspectivas. A presente dissertação tem por objetivo refletir, à luz da antropologia teológica, sobre os desafios postos pela mentalidade contemporânea à vivência cristã da liberdade na dinâmica da autonomia, responsabilidade e discernimento. O trabalho, de caráter interdisciplinar, se desenvolveu a partir de análise bibliográfica. Metodologicamente, os resultados da pesquisa estão dispostos em três etapas. A primeira elucida as caracterizações que a liberdade humana foi assumindo em decorrência das transformações socioculturais ocorridas na modernidade/pós-modernidade. Aponta fenômenos que viabilizam os paradoxos extremos da liberdade que vivemos em tempos atuais. Dentre os quais, a generalização de um individualismo radical que desencadeou a crise do compromisso comunitário. A segunda etapa apresenta a concepção de liberdade que emerge a partir da reflexão bíblico-teológica contemporânea. Neste sentido, a economia da salvação se apresenta como a história da autocompreensão progressiva do ser humano como um ser de liberdade. A terceira etapa constata o desafio cultural, social, espiritual, ecológico, que temos diante de nós. Acusa uma necessária e urgente educação para a verdadeira liberdade, por meio da formação integral da pessoa humana, a partir da reconstrução do tecido das suas relações fundamentais; indica a exigência de uma ética da responsabilidade orientada para os deveres do futuro, em prol da vida humana e extra-humana; propõe a evangelização da sensibilidade para aprender a discernir. Deus acredita na capacidade de liberdade do ser humano e por isso envia o seu Espírito aos que aceitam ser livres.
Summary:
A nossa pesquisa teve como objetivo o diálogo do lúdico na catequese, propondo a Iniciação à Vida Cristã, utilizando o lúdico como ferramenta no processo querigmático e mistagógico. O lúdico é uma abordagem valiosa na catequese, pois atrai, envolve, desperta e estimula a imaginação na transmissão da fé. Abordamos um conteúdo que reflete uma evolução na catequese: inicialmente uma perspectiva doutrinária, após o Concílio Vaticano II, adquiriu um sentido mais antropológico e eclesiológico. No Brasil, o documento “Catequese Renovada” de 1983, marcou esse momento, enfatizando a Sagrada Escritura como livro central da catequese, ressaltando a importância da transmissão da Doutrina e do Magistério da Igreja. O Novo “Diretório para a Catequese”, e no Brasil o documento 107, reforçaram a Iniciação à Vida Cristã e estimularam reflexões catequéticas. Dessa forma, nossa pesquisa centrou-se em três capítulos. No primeiro demonstramos a catequese a serviço da Iniciação à Vida Cristã, traçando um resgate histórico-teológico para compreendermos a trajetória percorrida. Enfatizamos a catequese como método para que as pessoas adiram Jesus Cristo, a Sagrada Escritura, a Doutrina e Tradição da Igreja. No segundo capítulo, buscamos iluminar-nos com a dimensão lúdica no ser humano e a Iniciação à Vida Cristã, tomando consciência da importância do lúdico na catequese. Abordamos o lúdico no ser humano com uma visão teológica-pastoral. No terceiro, refletimos a forma de agir e praticar em nossa ação pastoral, tendo como o lúdico um caminho envolvente que se integra ao itinerário na Iniciação à Vida Cristã. A presença do catequista é crucial para o crescimento do catequizando. A união entre catequese e liturgia é insubstituível. Assim, o lúdico inserido nesse processo ajudará na experiência sensorial, sendo utilizado na liturgia, nas mídias sociais, enfrentando o desafio de anunciar o Evangelho, proporcionando reflexão, pelo estilo de inspiração catecumenal.
Summary:
Esta pesquisa procura apresentar os elementos básicos para o diálogo entre a Psicanálise e a Teologia Pastoral. Tal diálogo foi visto por muito tempo como impossível de acontecer. Muitos pensadores, de ambas as áreas, defenderam a ideia que a psicanálise e fé eram antagônicas entre si. Contudo, a discussão é fundamental para tensionar os dois polos de modo a perceber que psicanálise e religião, ou melhor, psicanálise e teologia pastoral podem sim ser grandes aliadas. No presente trabalho serão investigados a proximidade de Freud com a religião, principalmente a partir do seu diálogo com o amigo, psicanalista e pastor protestante Oskar Pfister; e também os fenômenos da transferência e contratransferência, que são tão caras para psicanálise, sendo percebidas por Freud e outros psicanalistas como uns dos principais elementos que levam ao sucesso ou ao fracasso na clínica psicanalítica. Através de uma inter-relação entre as questões abordadas, a pesquisa buscará apontar como o aconselhamento pastoral pode se beneficiar do conhecimento sobre o fenômeno da transferência: primeiro para saber os limites do aconselhamento e a possível necessidade de direcionamento a um profissional adequado; segundo, com o entendimento sobre como se manifesta a transferência do aconselhado e a contratransferência do conselheiro, de modo a ter um ambiente conciliador entre a pessoa que sofre e o conselheiro que a acolhe. Um aconselhamento pastoral que leva em conta os aspectos transferenciais é, portanto, uma pastoral que se preocupa com o indivíduo por completo, não apenas observando o que é dito, mas também toda a história daquele que sofre.
Summary:
Depois do crescimento de movimentos de extrema direita na política nos últimos anos, algumas expressões religiosas vinculadas a esses movimentos foram categorizadas como fundamentalistas. Este conceito, contudo, não é tão claro quanto a recorrência do seu uso sugere, e, evidentemente, sem um bom conceito que auxilie na identificação do que seja fundamentalismo, pouco se avança no seu enfrentamento. Portanto, este trabalho se propõe, primeiramente, a oferecer um conceito para fundamentalismo — extraído da sua origem evangélica estadunidense [1900-1925] —, e, a partir dele, deseja apontar alguns caminhos alternativos de superação. Na construção deste conceito, chama-se atenção para a interação entre sua estrutura hermenêutica e o uso fundamentalista da Bíblia, mostrando como esta dinâmica gera uma postura política violenta. E, no apontamento desta superação, mostra-se a necessidade de uma nova concepção sobre a Bíblia e a importância da apreciação da condição do intérprete.
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O presente trabalho debruçou-se sobre o discurso escatológico de Mateus, especificamente sobre Mt 25,31-46, que relaciona o julgamento do Filho do Homem, esperado para os últimos dias, com a prática da justiça, manifesta na realização das obras de misericórdia. Compreende-se que o contexto histórico da comunidade mateana era o pós-guerra de 70 d.C. Esses eventos catastróficos provocaram uma grave crise de identidade nas comunidades judaicas, que passaram a reorganizar a vida na centralidade da Torá, devido à ausência do Templo, que havia sido destruído pelos romanos. Tal ausência também culminou com a perda da liderança judaica, fazendo com que os diversos grupos judaicos, existentes na época, concorressem entre si para assumirem essa função. Entendiam-se como intérpretes autorizados da Torá e, portanto, o verdadeiro Israel. Dentre eles, formou-se uma coalizão que estava em conflito direto com a comunidade mateana, agravando ainda mais a crise que ela vivia. O evangelho de Mateus foi escrito com os propósitos de: levar ordenamento e sentido para a sua comunidade; e consolar os seus membros, profundamente marcados por estes eventos. Para tal, o evangelista fez uso da visão de mundo da escatologia apocalíptica como o julgamento no final dos tempos pelo Filho do Homem e a retribuição dos justos e ímpios. O objetivo deste estudo foi analisar a perícope de Mt 25,31-46, a fim de compreender o ambiente em que o evangelho foi produzido; assim como, a resposta encontrada pelo evangelista em relação à situação de crise no pós-guerra; e os pontos de convergência e divergência com outros grupos judaicos do mesmo período, em especial, o judaísmo formativo, com quem a comunidade mateana está em conflito. Essa análise foi feita por meio da abordagem diacrônica do método histórico crítico, e sincrônica a partir abordagem dos textos fonte e contextual.
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O objetivo desta dissertação é abordar o contexto teológico-pastoral da criação do Setor Juventude, pois reconhecer a diversidade de experiências e perspectivas dos jovens é fundamental para evitar estereótipos e preconceitos. No contexto eclesial católico, há um histórico de preocupação e envolvimento com os jovens. Desde as Escrituras até eventos mais recentes, como o Sínodo dos Jovens convocado pelo Papa Francisco, a Igreja demonstra seu compromisso em evangelizar os jovens e envolvê-los em suas decisões. No Brasil, a CNBB criou o Setor como resposta aos novos rostos de jovens que estavam surgindo, com o intuito de integrar diferentes expressões e abordagens, reconhecendo e respeitando a diversidade de experiências na evangelização da juventude. É fundamental proporcionar um diálogo aberto, conscientização e formação contínua para garantir que todas as expressões juvenis sejam acolhidas e incluídas na vida da Igreja. Valorizar a diversidade e promover uma pastoral juvenil inclusiva pode fortalecer o encontro dos jovens com Cristo e seu testemunho na sociedade. Através dessas iniciativas, a Igreja busca acompanhar e apoiar os jovens em sua jornada espiritual e no desenvolvimento de sua identidade como cristãos. Esta pesquisa analisa a estrutura, organização, os desafios e as potencialidades do Setor Juventude, utilizando documentos oficiais da Igreja, pesquisas acadêmicas e conversas com especialistas. Além disso, buscará fornecer uma compreensão mais aprofundada do que sustenta a existência do Setor Juventude, com o intuito de contribuir para o conhecimento acadêmico nessa área e fornecer subsídios para uma atuação mais atrativa e relevante junto aos jovens.
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Esta dissertação pretende desenvolver uma análise teológica sobre “o papel da música sacra no cenário atual de evangelização no Brasil: elementos para o entendimento do estado da questão”. Inicialmente, fizemos um percurso em busca do conceito de música sacra e sua importância para a vida humana em Israel, nas primeiras comunidades cristãs, para mostrar seu papel essencial para a manifestação da fé. A seguir, focamos no esforço de projetar uma perspectiva antropológica em relação à música sacra que contribuísse para sua participação harmônica na integração social de pessoas, grupos, comunidades. É inegável, então, que a Igreja desde a sua fundação canta e celebra o amor de Deus. Assim sendo, o Concílio Vaticano II contribuiu para a efetiva participação das pessoas nas celebrações e para o surgimento na realidade brasileira de uma gama, até difícil de ser documentada, de cantos, de músicos, de músicas. Entretanto, diante das exigências da atualidade, podemos inferir que a música ao ser inserida em uma determinada cultura se apropria de elementos que são parte integrante dela. Por conseguinte, evidenciamos a importância da música como um instrumento de evangelização no Brasil.
Summary:
O Tema da Democracia é discutido e pensando nas mais diversas rodas e mesas do saber. Desde a discussão sobre sua formação a sua maneira de existir enquanto forma de governo, muitos são os pensadores e estudos. A Igreja também, desde seu nascimento, é alvo de discussões sobre seu modo de funcionamento e seu governo, fazendo com que, ao longo dos séculos, seja pensada das mais variadas óticas e autores. Joseph Ratzinger, por exemplo, autor, Padre, exímio teólogo e Papa, então surge como figura central no presente texto. Sua maneira de entender a democracia, seu pensamento a respeito da autoridade eclesial, direitos humanos e garantias fundamentais da vida em sociedade são temas abordados na tentativa de elucidar questões que envolvem a relação Igreja e sociedade, governo terreno e governo divino e até mesmo seus preceitos históricos através do seu pensamento teológico. A tentativa de analisar a reflexão teológica sobre a democracia a luz do pensamento de Bento XVI é o objeto central desta apresentação.
Summary:
Esta dissertação fundamenta-se no pensamento de J. B. Metz, especialmente na sua concepção de Teologia Política em diálogo com o mundo, ou melhor, a Nova Teologia Política como instrumento útil para a Igreja em saída. O autor ressalta a dimensão dialética na teologia para assimilação das perguntas feitas pela modernidade ao cristianismo, oportunidade de responder ou dialogar, em contraposição às tendências de fechamento e resistência à supostas ameaças. A Teologia Política propõe aproximação do cristianismo com a sociedade atual, assim ousamos provocar este diálogo e o encontro com a arte musical do grupo O Rappa. As noções de memória, narração e solidariedade estruturam a pesquisa, acompanhadas da questão fundamental do sofrimento das vítimas inocentes contra a perversa ideologia dos vencedores. Tais temas demonstram a versatilidade e o potencial da teologia de Metz no encontro com a letras do grupo. Trata-se de um texto dissertativo em que iniciamos apresentando a banda brasileira O Rappa, mostrando sua origem, raízes, símbolos e códigos. No capítulo seguinte, dedicamos atenção à Teologia Política de J. B. Metz, uma breve biografia do autor, seguida dos conceitos teológicos estruturais: memória, narração e solidariedade. No capítulo final, busca-se a confluência da Nova Teologia Política de Metz e a musicalidade de O Rappa, na construção do caminho reflexivo e dialogal. Embasados no pensamento do teólogo, apresentamos as novas possibilidades de encontro do cristianismo com a sociedade moderna. Sinalizamos, por fim, as convergências de temas, como exemplo: a injustiça, a desigualdade e o preconceito – presentes tanto na teologia de Metz como na produção artística de O Rappa. Supõe-se que este pequeno aceno promovido pela pesquisa possa aflorar novas reflexões e contribuir para uma teologia memorativa-narrativa-prática comprometida com seu tempo, solidária com as vítimas e presente no seu mundo, em afinidade com o pensamento deste notável teólogo.
Summary:
A crise econômica e a pressão do mercado, muitas vezes, impõem decisões estratégicas contrárias aos princípios mantenedores das instituições confessionais, levando seus gestores a contratar parcerias indesejáveis por não corresponderem aos princípios cristãos. Esse contexto exige das mantenedoras uma gestão qualificada, com indicadores, estratégias, e planejamentos bem claros e definidos, fundamentados em sua identidade e em comunhão com seu carisma. Para alcançar este objetivo, a presente pesquisa se fundamentou na literatura patrística sobre os princípios de carisma e suas origens, para contemplar, com maior clareza, a essência de sua identidade e apoiar essas instituições, tendo em vista sua perenidade missionária. Apresenta-se a Metodologia C.H.A.V.E. que inclui a espiritualidade como parte imprescindível no processo da gestão e a mistagogia, também como método que, aplicado à gestão, contribui com a compreensão da identidade, gerada pelo carisma da espiritualidade e da missão dessas instituições. Por fim, no desenvolvimento da pesquisa, contempla-se a relevante abrangência teológica e sua interação com a ciência da gestão.
Summary:
O monaquismo antigo é um fenômeno de complexidade notável. Os Padres do Deserto foram homens e mulheres que viveram a vocação à perfeição deixada por Jesus de maneira bastante peculiar. O abandono dos centros urbanos para ir ao encontro do deserto marca a passagem de um cristianismo público, próprio dos mártires, ao cristianismo particular, próprio dos monges. No deserto, este espaço de solidão, silêncio e abnegação, homens e mulheres viveram em busca de seu aprimoramento, seja na busca de virtudes, seja no abandono dos vícios. Para os Padres do Deserto, as paixões são campo do combate em busca da perfeição, ideal herdado desde o testemunho dos mártires. A teologia dos Padres do Deserto trata com muita profundidade de temas relativos à vida interior. A recuperação da teologia destes autores é justificada pela relevância de suas análises das paixões humanas, para as quais a ascese e a oração serviram de remédio.
Summary:
A presente dissertação sob o título de “O ser humano, um ser de relação: a Ecologia Integral como caminho de reintegração e reconciliação”, busca adentrar o campo da antropologia teológica tendo como inspiração maior a Encíclica Laudato Si’. Nela o Papa Francisco nos apresenta os grandes impactos da crise socioambiental que atravessamos e alternativas para seu enfrentamento. Essa crise é também uma crise de humanidade, visto que a partir da modernidade com o surgimento do paradigma tecnocrático, houve uma mudança profunda na compreensão do ser humano que influenciou diretamente na forma com que ele estabelece seus vínculos. Ao se autodeclarar senhor, dominador e explorador da natureza por meio do aparato técnico, o ser humano vai pouco a pouco se distanciando da sua própria identidade e integralidade e seus relacionamentos passam a ser marcados pela superficialidade, pelo individualismo e pela falta de gratuidade. Ao colocarmos em evidência o conceito de Ecologia Integral queremos evocá-lo como um novo paradigma que substitua o tecnocrático. Um paradigma que efetive um processo de reumanização, onde o ser humano supere todo e qualquer dualismo e se reintegre enquanto pessoa. Além disso, certos de que o ser humano, é por natureza, um ser de relação, urge uma restauração de seus vínculos com Deus, com seus pares e com a natureza como uma espécie de movimento de reconciliação. Reconstruir o ser humano hoje é fundamental para pensarmos na existência futura da humanidade sobre a terra.
Summary:
Deus deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da ver-dade, mas Jesus afirmou que, para ser salvo, é necessário crer e ser batizado. Perante esses dois axiomas bíblicos, a teologia tem se questionado, desde o final do século XIX, sobre as possíveis vias de acesso à mesma salvação para os não-cristãos que ignoram, sem culpa, o evangelho. O concílio Vaticano II colheu as primeiras contribuições da teologia das religiões, constatou a existência de ele-mentos de verdade nas outras religiões e reconheceu as sementes do Verbo que os Padres da Igreja afirmavam existir em cada ser humano. Apresentou possibi-lidade de seus membros, por uma graça misteriosa de Deus, serem inseridos na única e universal economia de salvação da Santíssima Trindade. Dois conteúdos direcionam a investigação de um caminho soteriológico para além do cristianis-mo, que considera Jesus como mediador e redentor universal. O primeiro é a declaração Dominus Iesus, escrita para recordar os princípios da fé cristã frente as propostas da teologia do pluralismo religioso, que sugeria uma economia sal-vífica paralela ou complementar àquela trazida por Cristo em comunhão com o Espírito Santo. O segundo são as obras de São Justino de Roma, que buscou identificar os elementos soteriológicos que permitem os judeus e pagãos terem acesso a Jesus e alcançarem a salvação. Para os pagãos, ele observou componen-tes da verdade e do Logos, com especial destaque para o Logos spermatikós, re-conhecidos como partículas de Deus em cada ser humano. Para os judeus, que apresentavam a Lei, o sábado e a circuncisão como elementos salvíficos, Justino aponta o batismo como a verdadeira circuncisão, Jesus como o sábado verdadei-ro e a Igreja como a Nova Lei. A partir dessas contribuições, a pesquisa apresen-ta os lugares teológicos onde a salvação dos não-cristãos pode ser identificada.
Summary:
O objetivo desta dissertação é discutir a necessidade da recuperação teológico-pastoral do sentido unitário dos três sacramentos da Iniciação à Vida Cristã, como caminho de renovação pastoral, a partir da compreensão dos sacramentos como mystérion. Diante de um mundo que vive uma ‘crise de sentido,’ com as relações fragmentadas e uma consciência predominantemente autorreferencial e individualizante, e ao mesmo tempo busca um retorno ao sagrado, através de espiritualidades sensibilizantes, o cristianismo tem muito o que oferecer à humanidade: o senso de comunhão, de unidade na diversidade. Atendendo à convocação do Magistério de Francisco, que convida a pastoral a uma conversão em estado permanente de missão, os pastoralistas apontam que a inspiração catecumenal é um caminho renovador para iniciar na vida cristã. Iniciar é formar o cristão na sua integralidade, o que requer novos processos de transmissão da fé com um itinerário mistagógico que una Palavra, celebração e se desdobre em atos na comunidade eclesial e na existência mundana. Como passo fundamental, é necessário uma nova relação entre catequese e sacramentos, a partir da recuperação do sentido pleno dos sacramentos como espaço de realização da história salvífica. Fizemos um percurso em três capítulos, começando com uma análise das reflexões apresentadas pela Igreja sobre a Iniciação à Vida Cristã no Magistério de Francisco, nos documentos 107 da CNNB e no Novo Diretório para Catequese de 2020. A ótica presente nesse primeiro capítulo nos conduziu à necessidade de realizar, no segundo capítulo, um discernimento através de uma abordagem histórica do sentido unitário dos sacramentos de Iniciação cristã a partir do conceito de mystérion. Os primeiros cristãos testemunham que Cristo visibiliza o mistério e compreendem as ações de Cristo, da Igreja e de suas ações celebrativas como mistérios. Nessa relação, batismo, unção e eucaristia formam um conjunto unitário, iniciar-se era celebrar porque o celebrar era mergulhar na ação de Deus, na história para salvação dos homens, e na nova vida cristã numa dinâmica triunitária. Ao longo da história, essa relação sacramentos-mistério, unidade dos três sacramentos, foi se fragmentando com consequências no campo pastoral, na imagem de Deus, na forma de se vivenciar os atos celebrativos como ‘coisas’ separadas da vida. O Movimento Litúrgico, a teologia sacramental do século XX, desembocam no Concílio Vaticano II, que recupera o conceito de Igreja Mistério, iluminando o ser sacramental da Igreja e ressignificando o sentido dos sete sacramentos. O Concílio pede também a recuperação do catecumenato, a revisão da crisma, em vista da unidade entre os sacramentos, além de expressar a centralidade da eucaristia. Esse caminho iniciado no Concílio continua sendo construído e, assim, no terceiro capítulo buscamos evidenciar a importância da recuperação pastoral e teológica da unidade dos três sacramentos e, dentro dessa ótica, apontar um caminhar juntos, para renovação pastoral que leve a efetivas mudanças na vida eclesial, na construção de uma cultura eucarística a fim de contribuir para desenvolver uma sociedade fraterna, na qual o cristão possa viver do que celebra.
Summary:
Frente às experiências de crise vividas pela comunidade humana, principalmente a partir de meados do século XX, a solidariedade emergiu como tema de fundamental importância tanto do ponto de vista ético quanto antropológico. Dessa forma, recebeu diferentes interpretações dos mais variados campos do saber. Na teologia cristã, ganha relevância nos documentos do magistério assim como na reflexão de diferentes linhas teológicas. Assim se pode compreender sua especificidade e importância no pensamento de J. B. Metz, para quem o termo se torna uma categoria de grande relevância no desenvolvimento de suas ideias, associando-se a outros dois conceitos-chave para o teólogo: memória e narração. Tendo isso em vista, a presente dissertação procura promover uma aproximação entre o sentido teológico de solidariedade, dando ênfase ao pensamento de Metz, mas ampliando a questão para outros espaços teológicos, como o contexto latino-americano e o atual apelo do papa Francisco na direção de um resgate sobre o sentido mais profundo da solidariedade. Além disso, procura-se alargar o horizonte de reflexão a partir da proposição de um diálogo possível entre a obra do teólogo alemão e a riqueza literária expressa pela literatura de João Guimarães Rosa, reconhecidamente um dos maiores poetas da literatura brasileira. Do corpus rosiano, destaca-se na pesquisa a riqueza de seus contos, pondo-se acento principal no conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”, em que o autor proporciona a seus leitores uma sensível reflexão sobre o sofrimento e a solidariedade. A pesquisa põe em relevo a importância dos dois campos do saber, suas especificidades e pontos de encontro, procura apresentar o sentido de solidariedade expresso em cada um dos autores e, finalmente, reconhecer espaços de diálogos possíveis entre os escritores, e também em relação ao pensamento teológico latino-americano e às convicções expressas pelo atual pontífice.
Summary:
A realização do Concílio Vaticano II foi um momento privilegiado em que o Espírito de Deus repousou sobre a Igreja Católica. Este dado, carrega em si um relevo fundamental para nosso estudo, pois compreende a Palavra de Deus na celebração eucarística como um elemento essencialmente sacramental. A proclamação da Palavra na celebração eucarística não é uma simples leitura edificante da Palavra de Deus, mas sacramento da presença do Ressuscitado em diálogo vivo e dinâmico com todos aqueles que o escutam e o acolhem na fé. No segundo capítulo nossa pesquisa percorreu um itinerário bíblico. Para tanto, este caminho percorreu o dinamismo da Palavra no Antigo e Novo Testamentos. Neles, foram considerados os principais marcos da dinâmica da Palavra de Deus na história da reveleção. No terceiro seguinte, abordamos a Palavra de Deus na celebração eucarística como um elemento essencialmente sacramental a partir da ação do Cristo e do Espírito na Palavra. Ao desfecho e, portanto, quarto capítulo, apresentamos a intuição dinâmico-celebrativa em torno da Palavra a partir da assembleia litúrgica, da estrutura da Liturgia da Palavra e da miniterialidade que brota da celebração. Com isso, queremos proporcionar uma reflexão sobre esta temática para apresentar uma discreta contribuição à vida litúrgica que se estabelece ao redor da celebração eucarística, tendo como fundamento a Palavra de Deus como momento de máximo relevo sacramental.
Summary:
O sofrimento humano, a busca por suas causas e suas explicações compõem um tema essencial no cristianismo ocidental. Desde a Patrística, as variáveis faces do sofrimento humano têm sido predominantemente compreendidas e justificadas a partir de um pessimismo antropológico, com uma relação direta entre a culpa pelo pecado e o castigo divino. Desse modo, a reflexão acerca do sofrimento humano está ligada à própria reflexão sobre a imagem do Deus cristão, historicamente descrito como um ser supremo, apático, perfeito, inabalável, impassível, todo- poderoso, juiz castigador. A partir dessa concepção teológica, que ainda encontra eco no pensamento cristão, o que se pretende é apresentar um caminho de sua superação, ressignificando o sofrimento humano, assim como a própria imagem de Deus. Para tanto, tal percurso será construído através de uma pesquisa bibliográfica qualitativa de abordagem dialética a partir de um diálogo entre o pensamento do teólogo alemão Jürgen Moltmann com o sofrimento humano e com a concepção de Deus, especificamente a partir das suas perspectivas cristológicas e trinitárias, culminando em sua teopatia. Dividido em três partes, o caminho proposto se inicia com a reflexão acerca do sofrimento humano na história do cristianismo ocidental, desde a Patrística, passando pela Idade Média, chegando à Modernidade e os atuais dias pandêmicos. Em seguida, a pesquisa se debruça sobre o sofrimento de Deus, teopatia proposta por Moltmann cujo ápice se encontra encarnado no phatos divino do Gólgota, sofrimento pelo amor levado às últimas circunstâncias. Na terceira parte, a pesquisa se dedica às implicações da teopatia moltmanianna para a teologia e para a igreja, partindo do pressuposto de que o sofrimento humano é o sofrimento de Deus, sofrimento que leva à morte, mas que é superado eternamente na história humana pela ressurreição do Deus crucificado e pela celebração da vida, com implicações relevantes na teologia e na igreja, superando a culpa humana e apatia divina diante do sofrimento.
Summary:
O tema da presente pesquisa é A influência de Dom Lourenço de Almeida Prado na educação integral do ser humano. A pesquisa está inserida nas ativida-des de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Teologia da PUC-Rio, área de concentração Teologia Sistemático-Pastoral, linha de pesquisa Religião e Modernidade, projeto de pesquisa História da Igreja e Modernidade: Permanên-cias e Mudanças. O que se pretende – como objetivo principal – é investigar a contribuição do monge beneditino Dom Lourenço de Almeida Prado na forma-ção integral do ser humano. Nesse sentido, recorrendo primordialmente à forma-ção do autor pesquisado, investigar-se-á, por um lado, a origem de sua formação e a sua contribuição no fazer pedagógico da Igreja Católica no Brasil. Depois, descrever-se-á a influência e o papel da Congregação Beneditina e como o mon-ge exercitou esses preceitos no que tange à contribuição para a formação integral do ser humano, colaborando para a promoção de uma maior eficácia pastoral. Faz parte, ainda, do escopo da pesquisa, a observação acerca da busca da perfei-ção e a perfectibilidade na formação do ser humano em Dom Lourenço de Al-meida Prado.
Summary:
A pesquisa recorda as três maiores pandemias da Era Cristã: a Peste Justi-niana, no século VI, a Peste Negra, no século XIV e a Gripe Espanhola, no século XX. Investiga-se em cada moléstia a natureza da doença, sua origem, sintomas, percursos e impactos. Enfatiza-se a maneira como a Igreja atravessou cada perí-odo pandêmico, revelando suas crenças e interpretações para as pragas, a forma como tentava afastar o mal e a assistência que fornecia aos enfermos e enluta-dos. A pesquisa revela ainda se os cristãos amadureceram suas respostas às cri-ses, se aspectos litúrgicos foram adaptados e se interpretações escatológicas so-freram alguma alteração. Seguindo a ordem cronológica em que as pestilências se sucederam, dedica-se o primeiro capítulo ao estudo da Peste Justiniana, reve-lando, por exemplo, como o contexto geográfico e social da época contribuía para a disseminação de doenças. A pesquisa avança até a Baixa Idade Média, quando Europa, Ásia e África são assoladas pela Peste Negra, e mostra, entre outras coisas, as frustrantes tentativas médicas e religiosas de lidar com a praga. Finalmente, o último capítulo explora a maior pandemia da história, a Gripe Es-panhola, dissertando sobre sua alta letalidade e a maneira diversa como os cris-tãos oriundos de diferentes denominações reagiram.
Summary:
Santa Teresa de Lisieux, de modo, imanente e transcendente, vive e testemunha sua busca pela santidade em seu itinerário místico, que é denominado: Pequeno Caminho ou Pequena Via. Por meio de sua pequenez evangélica, ela traduz em sua vida e espiritualidade, a chamada Infância Espiritual. Tal como criança, o ser humano reconhecendo suas fraquezas e limitações, pode encontrar no amor misericordioso do Pai a satisfação e a felicidade que tanto almeja. Assim, a Pequena Via como caminho humano-espiritual consiste em uma disposição do coração que torna a pessoa humilde e pequena nos braços de Deus. Na Palavra de Deus, Teresa de Lisieux encontra a chave de sua vocação. Passa a entender que os dons mais elevados nada são sem o amor, e que a caridade é o caminho por excelência que conduz as pessoas a Deus. Assim, sua missão, no coração da Igreja, constitui em amar a Deus-Trindade e ser sinal deste amor na face da terra, sobretudo para aqueles que mais precisam. Seu testemunho é, fortemente, marcado pela confiança, pelo abandono e pelo amor misericordioso de Deus. A Igreja reconhece sua importância conferindo-lhe os títulos de Padroeira das Missões e doutora da Igreja. A espiritualidade por ela vivida e descrita pode trazer contribuições consideráveis para o nosso tempo, sobretudo quando a aproximamos da mística encarnada que se dá no hoje, no cotidiano e na realidade em que estamos inseridos. Seus escritos ajudam a reflexão sobre a fraternidade universal e o cuidado com os bens da natureza e inspiram outros místicos a percorrerem a sua Pequena Via, tornando-se, assim, testemunhas do Mistério do Deus Vivo presente no mundo e sinais de esperança em outras vidas.
Summary:
Ecologia integral é um assunto de relevância na Igreja atual para responder à problemática da crise socioecológica. Para contribuir ao tema, na presente pesquisa, relacionaram-se os conceitos Corporeidade, Criação e Trindade dentro dos resultados das análises fenomenológicas da pensadora alemã Edith Stein. A interdisciplinaridade, entre teologia e antropologia filosófica, serviu de base à questão-hipótese de pensar a ecologia integral quando conciliados os supracitados elementos; constituiu-se, assim, o principal objetivo no desenvolvimento desta dissertação. Inicialmente, apresentou-se o trajeto da autora ao conceito de pessoa humana – reflexo da Trindade –, resposta às afrontas à dignidade humana de seu tempo. No segundo momento da pesquisa, expôs-se o tema da corporeidade humana como unidade complexa de corpo-alma-espírito; tal tema desdobrou-se como o Corpo místico da Criação. O terceiro capítulo da pesquisa, tematizando a imagem da Trindade na Criação, apresentou a iluminação do Mistério trinitário à questão antropológica para uma ecologia integral. Também expôs o testemunho eloquente de Edith Stein sobre o diálogo inter-religioso entre judaísmo e cristianismo. Por fim, faz-se mister saber o método proposto à pesquisa: a revisão e o levantamento de dados a partir das obras steinianas, relacionando-os ao material fornecido pela teologia atual quanto ao tema. O seu resultado final: a urgente mudança da perspectiva antropocêntrica, sem abandonar a questão antropológica; o retorno à teologia da Criação para “devolver” à Trindade Seu lugar central na Criação, e destituir a arrogante compreensão humana como dominador de tudo; enfim, a conscientização da criatura humana – porque microcosmos – à nova relação com a Criação.
Summary:
Esta dissertação tem por objetivo analisar a vida de Dietrich Bonhoeffer dentro do contexto da Alemanha no início do século XX. Nos primeiros capítulos o leitor é situado nos anos iniciais de Dietrich Bonhoeffer, seu nascimento e a sua família. Em seguida são relatados sua formação teológica e seus passos no ministério pastoral. O texto continua com à ascensão do partido nazista e sua consolidação no poder, assim como o uso do aparelhamento do Estado alemão para aliciar as igrejas de diferentes confissões para a prática da doutrinação nazista. É abordada a teologia do Reich, a sua forma e a movimentação política, como a indução ao alemão comum a entender a raça ariana como superior. É exposta a resistência de Dietrich Bonhoeffer tratada em três pontos. Uma resistência teológica: que com seus sermões nos diferentes púlpitos, na rádio e na rua contribuíram ao enfrentar o nazismo. Uma resistência eclesiástica: por não aceitar o parágrafo ariano no luteranismo. Como única saída se desligou da igreja. Uma resistência política: Bonhoeffer levou informações importantes para a Inglaterra. Também participou de uma operação para a retirada dos judeus da Alemanha para à Suíça. Ele estava envolvido em um círculo de resistência com a finalidade do assassinato de Hitler. Por último é apresentado a sua prisão, os anos finais que contribuíram para o amadurecimento teológico e o crescimento da sua fé. A sua morte é tratada no texto como um martírio moderno, mesmo com a existência de contornos políticos.
Summary:
A centralidade do querigma na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, é o tema desta dissertação. Busca-se apresentar, através da referida Exortação Apostólica, o querigma como uma dimensão inerente à ação evangelizadora, ressaltando a primazia do anúncio de Jesus Cristo e suas implicações no âmbito eclesiológico e pastoral. Para tanto, fez-se necessário explicitar o significado da evangelização querigmática na missão da Igreja, desde o Concílio Vaticano II até o pontificado atual. O tema do querigma, como o anúncio de amor salvador de Deus revelado em Jesus Cristo, perpassa toda a Evangelii Gaudium e tem seus desdobramentos em toda ação pastoral, tanto na liturgia e na catequese quanto também no serviço da caridade e na espiritualidade. Desta análise, espera-se a proposição de uma teologia do querigma que explicite a visão de Cristo e da Igreja subjacente ao anúncio. Destaca-se o perfil do Papa Francisco, sua afinidade com as perspectivas do Concílio, bem como as interpelações deste tempo e os desafios da evangelização. Buscou-se adotar a metodologia do documento em análise, agregando à pesquisa a contribuição de teólogos que ajudam a Igreja a discernir sobre o modo mais adequado de realizar o anúncio da fé em meio à mudança de época.
Summary:
Esta pesquisa tem por objetivo conhecer os elementos característicos do conceito de antropologia integradora, notadamente nas obras do professor Alfonso Garcia Rubio e que podem ser percebidos nos documentos da igreja confessante alemã, especificamente na declaração de Barmen. Tal documento é produzido sob o contexto do governo nazista na Alemanha do início do século XX. A ideologia do partido nazista é decorrente de uma leitura antropológica, que influenciou não apenas os teólogos de sua época, como toda a nação. Ao avaliar o movimento de resistência, percebemos que sua vivaz resistência, mesmo diante do martírio, deixou como legado uma valiosa declaração doutrinária redigida no sínodo de Barmen e que combatia, antropológica, bíblica e teologicamente o Nacional-socialismo. Tais elementos são presentes na obra do professor Alfonso Garcia Rubio, cuja antropologia teológica guarda pontos de convergência, a igualdade entre os seres humanos, a integração de cada pessoa humana com seu semelhante e por fim com a criação, nos possibilitando uma superação da proposta antropológica do darwinismo social e que é reiterada nos movimentos e afeições totalitaristas do presente tempo. No atual contexto brasileiro, os modelos de desumanização, como a aporofobia, o racismo, o discurso de elitismo e de oposição e polarização precisam ser superados e a antropologia integradora é um dos caminhos. Conclui-se que a herança da declaração de Barmen somada à produção antropológica-teológica de García Rubio, contribuem para a consolidação de uma antropologia de integração.
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O presente trabalho tem como propósito situar a espiritualidade cristã diante da crise socioambiental hodierna, observando os fatores desumanizantes e antropocêntricos em relação a toda criação de Deus, na busca da construção de uma ecoespiritualidade cristã. Na primeira parte da pesquisa busca-se desenvolver o tema a partir dos conceitos relacionais entre a espiritualidade cristã e a ecologia integral. Objetiva-se investigar alguns fatores degradantes da casa comum e os efeitos sobre os mais vulneráveis, apontando para a proposta integradora e interconectada da ecoespiritualidade. Em seguida, diante da percepção da exploração do cosmos pelo antropocentrismo moderno, apresentamos a ecoteologia na contribuição do teólogo e biblista protestante Timothy Carriker, ampliando a proposta da teologia da criação em um novo olhar hermenêutico, que visa o diálogo com algumas questões problemáticas da ecologia de nosso tempo. Por fim, propõe-se um caminho de mudança, a partir da ecoespiritualidade cristã, para o fomento e desenvolvimento de uma práxis cristã amorosa, contemplativa, profética, responsável e missional. Para termos êxito na nossa proposta, seguiremos com uma pesquisa bibliográfica, utilizando diversos autores que forneçam um olhar para o tema em questão e para a nossa realidade, onde situamos a nossa abordagem.
Summary:
Pentecostalismo e Mística Cristã reflete sobre o fato de o pentecostalismo ser uma manifestação contemporânea da tradição mística cristã. Com o presente trabalho, pretende-se responder qual seria a verdadeira identidade pentecostal após mais de cem anos decorridos desde o surgimento do pentecostalismo. Dian-te da expansão global do movimento pentecostal, e em face de diversos tipos de pentecostalismos que se manifestam atualmente, o trabalho propõe um retorno às raízes pentecostais do início do século XX para capturar o seu ethos originá-rio. No centro da espiritualidade pentecostal sempre esteve o Batismo no Espíri-to Santo. Tal batismo remete a um tipo de experiência que, de acordo com as tradições históricas que influenciaram a formação do pentecostalismo, pode ser chamada de uma experiência mística cristã. A consolidação de uma identidade pentecostal fundamentada nos seus antecedentes históricos e na sua teologia con-tribuem para uma pastoral pentecostal e para o diálogo ecumênico.
Summary:
As transformações pelas quais o mundo tem passado nas mais diversas esferas, exigem da Igreja Católica, neste início de milênio, um renovado ardor pastoral desde as suas estruturas. A renovação eclesial proporcionada pelo último concílio ecumênico ainda está por começar. As últimas décadas tem se tornado bastante desafiadoras quanto à busca de valores sólidos, seguros e cheios de vitalidade, mesmo quando se vê por toda a parte o efêmero, o transitório e o espetáculo que garantem público e alguns selfies para alimentar as redes sociais, que hoje se tornaram parte do dia-a-dia das pessoas. A ação evangelizadora da Igreja no Brasil bebe da fonte latino-americana, e é aqui que se pretende recuperar um itinerário pastoral que forme discípulos e alcance a tantos batizados afastados da praxis cristã, através de um processo de iniciação à vida cristã kerigmático e mistagógico. Em meio a uma atmosfera social que beira o neopaganismo, a Igreja retoma o catecumenato não como adjetivo da catequese tradicional, mas sujeito que inspira e transforma a comunidade como um todo. Toma-se, como ponto de partida, o primeiro anúncio da fé, que vem acompanhado de outros sinais que demarcam a função profética que todo cristão batizado assume: o testemunho que move, o anúncio de Jesus Cristo que aquece o coração, a instrução que garante a profissão de fé e a maturidade cristã, quando procura dar razões de sua própria fé.
Summary:
Esta pesquisa procura apresentar os elementos básicos da qual se compõe uma Teologia Fundamental latino-americana. Tal teologia tenciona explicitar os desafios específicos da Revelação de Deus em seu contexto, marcado pela opressão e exclusão, mas também por uma teologia que busca a libertação. No presente trabalho serão investigados a Teologia Fundamental, enquanto disciplina teológica que procura justificar a automanifestação de Deus na história; o conceito de Revelação, como conteúdo daquela teologia, compreendido a partir dos desafios da Modernidade e das intuições do Concílio Vaticano II; e a Teologia da Libertação latino-americana, enquanto perspectiva que compreende a revelação a partir do excluídos. Através de uma inter-relação entre as questões abordadas, a pesquisa buscará apontar as principais características de uma Teologia Fundamental em perspectiva latino-americana: primeiro, em relação ao papel dos pobres, seja enquanto “lugar social”, “lugar hermenêutico” ou “lugar teológico”; segundo, em relação às particularidades de uma Teologia Fundamental latino-americana, na qual destaca-se o reconhecimento de que Deus se manifesta também na história presente, a centralidade da opção preferencial pelos pobres, a necessidade do método “ver, julgar e agir”, a singularidade da identidade eclesial libertadora, bem como a relevância de um fazer teológico dialogal, crítico, plural e transdisciplinar, e a constituição de um modelo de Teologia Fundamental latino-americano centrado na libertação. Uma Teologia Fundamental latino-americana é, portanto, uma reflexão sobre a historicização do Reinado de Deus nos excluídos, e tal revelação só pode ser percebida e descrita com eles, a partir deles e neles, tendo em vista sua libertação.
Summary:
A presente dissertação se propõe a fazer uma síntese teológica da teologia da graça em Santo Agostinho e da teologia dialética de Karl Barth. E mostrar que, embora os dois tenham usado de base a carta de Paulo aos Romanos para fundamentarem suas respectivas teologias, usaram epistemologias completamente diferentes. Nossa pesquisa tencionar mostrar que, enquanto Santo Agostinho fazia todas as coisas dependerem da Graça Divina, creditando a Cristo o mérito de tudo, Karl Barth ontologizou demais o tema do pecado. Nossa pesquisa objetiva mostrar que, embora os dois trabalharam demais as palavras pecado e redenção, palavras essas que gravitam em toda história da salvação, o escopo da teologia de Santo Agostinho está na graça. Enquanto que, Karl Barth deu mais ênfase a questão do pecado e seu efeito catastrófico, que estabeleceu uma crise entre Deus e o homem. Daí a teologia da crise. Mas também a teologia dialética, que acontece através de uma autodoação e uma autocomunicação entre Deus e a humanidade, pois o Não-Deus foi superado a partir do sim pronunciado através da obra de Cristo.
Summary:
Dentre as muitas metáforas que expressam o amor de Deus à humanidade a das núpcias é a que merecia maior destaque na opinião de alguns teólogos, tanto os teólogos da antiguidade como os dos tempos modernos, certamente pelo elevado nível de intimidade que a metáfora autoriza imaginar no tocante ao amor incontido de Deus à sua Igreja. Trata-se, então, de um trabalho oportuno, útil à espiritualidade da igreja, e particularmente a cada cristão. Decerto, tem-se ouvido muitas homilias sobre Deus nos moldes da relação Senhor-servo; Pai-filho; Deus-humano; Pastor-ovelha; Santo-pecador. Todas têm correspondência na Escritura, mas enfatiza pouco – ou não a altura – a categoria do amor daquele que ocupa a superioridade nessa relação e, por isso, nenhuma dessas metáforas se comparam à relação Esposo-esposa. Para isso, a focagem deste trabalho recai sobre uma das obras de Orígenes cujo título é: Homilias e Comentário ao Cântico dos Cânticos. Fato é que Orígenes viu nessa relação Esposo-Esposa uma prefiguração do encontro entre Cristo – o Verbo – que se aproxima indo ao encontro da Esposa – a igreja, mas também ao cristão individual, expressando dessa forma o plano da redenção. Em seguida, este trabalho se achega ao livro bíblico atribuído a Salomão, juntamente com a obra de Orígenes sobre o Cântico dos Cânticos, que por sua vez, está dividido em duas homilias e o comentário. Por fim, este trabalho recortou os principais componentes que podem reforçar a construção de uma teologia nupcial como proposta cristológica, visto que Orígenes aplicou sua teologia à alma do fiel propriamente, não somente à igreja enquanto corpo do Cristo. Assim, ver-se-ão os integrantes mais próximos dessa relação de amor, tais como beijos; leito; perfume; peito; abraço; beleza; sombra; entre outros, num estado de progresso, a fim de magnetizar a alma do fiel a esse encontro nupcial com o Cristo-Esposo.
Summary:
A Catequese é um caminho de inserção na vida da comunidade. Fomentar essa perspectiva é um grande desafio, especialmente dentro do contexto cultural e religioso que vivemos. Portanto, desafio é a palavra que define o processo percorrido nesta pesquisa. A razão é que a Catequese, em sua missão, encontra-se cada vez mais desafiada pelas constantes transformações tecnológicas, culturais, religiosas – e até mesmo pelas doenças – no decorrer da história. A Igreja, ao longo dos séculos, vem buscando métodos e plataformas para que o caminho da catequese seja cada vez mais o ponto de convergência de esforços em prol da inserção dos catequizandos na vida da comunidade. O processo é cheio de encruzilhadas, pois a dinâmica catequética passa pela transformação cultural, em que está o objeto da catequese: o ser humano. O objetivo central da catequese é olhar para as pessoas como sujeitos de conversão e promover um anúncio querigmático que resulte na inserção delas numa vivência de comunidade. A partir da busca constante da renovação, a catequese de Iniciação à Vida Cristã busca dar respostas às mudanças culturais e religiosas. Por isso, o ecumenismo é um princípio da Igreja.
Summary:
O processo de formação presbiteral é constituído por um itinerário que corresponde à vida do ministro sacerdotal desde o seu despertar vocacional até a conclusão de seus dias sobre a terra. Nesse percurso, encontram-se as etapas de formação inicial e permanente que se complementam, por se caracterizar como um processo que, além de unitário, é integral, enquanto inter-relaciona as dimensões humano afetiva, espiritual, pastoral e intelectual, do seminarista ao sacerdócio ministerial, num iter dinâmico, de modo a lhes favorecer o amadurecimento necessário para cumprir sua missão. O Seminário Arquidiocesano de São José do Rio de Janeiro possui um itinerário formativo elaborado a partir da “Ratio Institutionis Sacerdotalis: O dom da vocação presbiteral”, sobre o qual esta pesquisa se detém como o seu objeto material, elucidando a contribuição das etapas e das dimensões da formação para o desenvolvimento da antropologia da vocação presbiteral. Nesse sentido, a presente dissertação perpassa alguns autores patrísticos acerca da teologia e da práxis sacerdotal, os atuais desafios antropológicos para a formação presbiteral e o progressivo desenvolvimento humano e espiritual dos formandos ao longo do iter formativo. Distribuída em cinco partes, a pesquisa tem início, identificando a teologia do ministério presbiteral e seus traços antropológicos no testemunho patrístico da Didaqué, Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Papias de Hierápolis, Hermas, Barnabé e Justino de Roma, prosseguindo por meio dos aspectos unitários e integrais do processo de formação, em que são desenvolvidos os temas das dimensões da formação e das etapas formativas da pastoral vocacional, do seminário menor, do propedêutico, do discipulado, da configuração e da síntese. Os aspectos teológicos e antropológicos do processo formativo encerram a pesquisa, ressaltando os desafios para o desenvolvimento do formando e as propostas para a sua maturação humana e vocacional.
Summary:
Esta pesquisa desenvolve temas que relacionam o cristianismo e a atividade militar no cânon do Novo Testamento e nos Padres da Igreja. Para fornecer um necessário quadro contextual, é realizada uma exposição sobre a atividade militar no Império Romano, investigando a sua evolução ao longo dos séculos e apontando as principais características desse serviço. No cânon do Novo Testamento, investiga-se o tratamento intencional dispensado aos militares na obra lucana, sob a influência do papel que o centurião Cornélio exercerá no tema teológico do ingresso dos gentios na Igreja. A linguagem militar das cartas paulinas é abordada em seu variado emprego, utilizada em sentido metafórico, como recurso retórico militar e nas imagens que acompanham a escatologia paulina baseada na esperança veterotestamentária. Por fim, esta dissertação apresenta o surgimento da questão militar nos Padres da Igreja, com ênfase em Tertuliano e Orígenes, aprofundando as razões que os levaram a opor-se ao serviço militar.
Summary:
A Dissertação tem como objetivo apresentar o referido conceito, tendo em vista sua relevância na construção do dogma trinitário. A relevância dos Padres Capadócios (Basílio de Cesareia, Gregório Nazianzeno e Gregório de Nissa) por aperfeiçoar, fechar as lacunas e concretizar o dogma. Em relação a metodologia utilizada, a pesquisa analisa, por meio de pesquisa bibliográfica, a cristologia primitiva, suas raízes bíblicas e a reflexão patrísticas do conceito, o significado do termo para os Padres da Igreja e para os arianos, o contexto histórico dos grandes concílios ecumênicos de Niceia (325) a Constantinopla I (381), e a reflexão dos Capadócios. Os principais resultados encontrados da pesquisa foram, que o significado do conceito de eterna geração em sua origem, nas Sagradas Escrituras, difere do seu significado no contexto dogmático. Orígenes, autor desse conceito utiliza de sua interpretação alegórica para ratifica-lo, e sua interpretação vai influenciar posteriormente tanto nicenos como arianos. Diante de um interregno entre os concílios, a influência do Império Romano vai contribuir para disseminação tanto da doutrina quanto da heresia, fortalecendo ambas. Ao refletir sobre a divindade do Cristo e sua origem, os Capadócios reformulam o dogma trinitário herdado do credo niceno, incluindo também a divindade do Espírito Santo. A contribuição da pesquisa é apresentada no que tange ao que significou o termo para a dogmática cristã, em especial para a reflexão sobre a Trindade Imanente, assunto que é um desafio em si mesmo até os dias de hoje e suas aplicações para uma espiritualidade em prol do outro.
Summary:
A presente dissertação percorre o caminho proposto pela antropologia filosófica de Lima Vaz e pela sabedoria bíblica, mormente manifesta na Primeira Carta do Apóstolo Paulo aos Tessalonicences no ensejo de responder à questão: O que é o Homem? Um problema elementar, profundo e exigente, presente em todos os tempos, culturas e diversos campos do saber. Encontrou-se na reflexão vaziana e na tradição bíblico-cristã uma Antropologia Integral com a tríade Corpo, Alma e Espírito, sendo uma resposta para desafios sempre presentes ante a racionalidade humana e a busca de pensar a fé. No profícuo diálogo entre teologia e filosofia o homem encontra respostas para problemas histórico-culturais, superando reducionismos que fragmentam a unidade da razão e a verdade da fé revelada.
Summary:
Esta pesquisa busca apresentar um panorama geral da maneira como o corpo está presente e é refletido na teologia da libertação latino-americana. Partimos da antropologia teológica desenvolvida neste continente, com o marco referencial metodológico da opção preferencial pelos pobres a partir da análise de conteúdo bibliográfico pertinente ao assunto. Para desenvolver o panorama deste tema, empreendemos numa jornada de contextualização da gênese desta teologia latino-americana desde a colonização, passando pelo Concílio Vaticano II, e chegando às formulações próprias da TdL, apontando para a presença do corpo e a luta pela justiça e dignidade. Em seguida, embarcamos num mergulho pelas ramificações consequentes desta TdL, demonstrando como o corpo é o fio condutor que diferencia estas teologias periféricas e é também o que justifica suas militâncias políticas e sociais, trazendo um enfoque especial sobre a teologia feminista que, com a presença do corpo da mulher na teologia, traz grandes contribuições para a teologia, a Igreja e a sociedade como um todo. Por último, fazendo uma colheita de toda esta caminhada, demonstramos a intrínseca relação entre corpo e espírito, pela chave de leitura da cristologia e da espiritualidade na TdL. Não esgotamos o assunto daquilo que poderia ser uma teologia do corpo latino-americana, mas esperamos com esta pesquisa apontar para o corpo como a espinha dorsal de nossa TdL que, ao se preocupar com a realidade concreta dos pobres, oprimidos, vulneráveis e injustiçados está, na verdade, se preocupando justamente com seus corpos que sofrem a pobreza, a opressão, a violência e as injustiças
Summary:
Esta pesquisa busca apresentar um panorama geral da maneira como o corpo está presente e é refletido na teologia da libertação latino-americana. Partimos da antropologia teológica desenvolvida neste continente, com o marco referencial metodológico da opção preferencial pelos pobres a partir da análise de conteúdo bibliográfico pertinente ao assunto. Para desenvolver o panorama deste tema, empreendemos numa jornada de contextualização da gênese desta teologia latino-americana desde a colonização, passando pelo Concílio Vaticano II, e chegando às formulações próprias da TdL, apontando para a presença do corpo e a luta pela justiça e dignidade. Em seguida, embarcamos num mergulho pelas ramificações consequentes desta TdL, demonstrando como o corpo é o fio condutor que diferencia estas teologias periféricas e é também o que justifica suas militâncias políticas e sociais, trazendo um enfoque especial sobre a teologia feminista que, com a presença do corpo da mulher na teologia, traz grandes contribuições para a teologia, a Igreja e a sociedade como um todo. Por último, fazendo uma colheita de toda esta caminhada, demonstramos a intrínseca relação entre corpo e espírito, pela chave de leitura da cristologia e da espiritualidade na TdL. Não esgotamos o assunto daquilo que poderia ser uma teologia do corpo latino-americana, mas esperamos com esta pesquisa apontar para o corpo como a espinha dorsal de nossa TdL que, ao se preocupar com a realidade concreta dos pobres, oprimidos, vulneráveis e injustiçados está, na verdade, se preocupando justamente com seus corpos que sofrem a pobreza, a opressão, a violência e as injustiças
Summary:
O discurso escatológico seminal de Jesus, presente em Mc 13, traz em seu corpo algumas descrições de abalo cósmico, guerras e tribulações que não deixam nada a desejar se comparado às melhores produções cinematográficas e literárias da atualidade. Este cenário apocalíptico é explorado exegeticamente nesta pesquisa, tomando como objeto material Mc 13,24-27. A motivação para a escolha da perícope se deve ao interesse do autor pelo campo que investiga o uso das fontes bíblicas e extrabíblicas na narrativa evangélica; e justifica-se pela incipiente produção acadêmica que versa sobre o fenômeno da intertextualidade em Marcos. O problema da pesquisa parte da seguinte indagação: quais as contribuições da análise intertextual em Mc 13,24-27? Diante desse questionamento, o objetivo geral do trabalho visa apresentar as contribuições da análise intertextual a partir dos textos-fonte e contextuais utilizados em Mc 13,24-27. Para alcançar tal objetivo, o estudo terá como objetivos específicos: descrever o contexto literário de Mc 13; realizar a análise exegética do objeto material pelo método histórico-crítico; investigar os pressupostos hermenêuticos e como a exegese bíblica era empregada no período apostólico; e, por fim, examinar a intertextualidade entre os textos-fonte e contextuais que compõem Mc 13,24-27. O trabalho pretende despertar a atenção para o uso das diversas fontes que entraram ou podem ter entrado em contato com os autores do Novo Testamento e, de certo modo, influenciado na releitura do Antigo Testamento.
Summary:
Desde os primeiros séculos de sua existência o cristianismo convive com as heresias, que têm como principal característica a negação de uma verdade de fé devidamente ensinada pela Igreja Católica. A forma utilizada pelos bispos, sobretudo nos primeiros séculos, para determinar se estavam ou não diante de uma heresia, consistia em confrontar a doutrina ensinada com a regra de fé. Esta consistia em uma medida que fundamentava-se na Sagrada Escritura e nos ensinamentos dos apóstolos. A doutrina que estivesse fora desta medida era considerada herética. A fim de evitar a proliferação de tais doutrinas e punir os que causavam desordens na comunidade, aos poucos foi se desenvolvendo na Igreja um código de leis. Hipólito de Roma, no século III, utilizou a regra de fé no combate aos hereges. É um personagem polêmico, seja em razão da autoria de suas obras ou por sua forte personalidade, historicamente considerado o primeiro antipapa em virtude do cisma com o Papa Calisto. Este trabalho demonstra a forma como Hipólito combatia as heresias que ameaçavam o cristianismo nos primeiros três séculos e como suas obras foram importantes na defesa da ortodoxia da fé, sobretudo a partir da Philosophumena. Pretende-se também apresentar Hipólito de Roma muito mais como um guardião da fé do que um cismático, pois ao final da vida, morre no exílio reconciliado com a Igreja, combatendo o bom combate e literalmente guardando a fé.
Summary:
O tema da presente pesquisa é a influência do pensamento de Romano Guardini na construção e desenvolvimento da teologia litúrgica de Joseph Ratzinger. Está inserida nas atividades de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Teologia da PUC-Rio, área de concentração Teologia Sistemático-Pastoral, linha de pesquisa Fé e Cultura, projeto de pesquisa A Teologia de Joseph Ratzinger e o Magistério de Bento XVI. Seu principal objetivo é investigar a existência de uma coerência interna entre o pensamento do intelectual veronese com o do teólogo bávaro de tal maneira que se possa verificar se a teologia litúrgica de Joseph Ratzinger está em continuidade com o pensamento de Romano Guardini sobre a sagrada liturgia. Assim sendo, após uma primeira reflexão, que busca reaver a personalidade e o pensamento de Romano Guardini a partir a apresentação de dados biográficos, do contexto histórico/teológico e da exposição e análise de sua clássica obra litúrgica O Espírito da Liturgia, o estudo se desenvolve em duas abordagens sucessivas: a apresentação e análise do princípios abordados no famoso escrito ratzingeriano O Espírito da Liturgia. Uma introdução e a análise comparativa entre os textos teológicos já citados, a fim de descobrir pontos de contato entre os pensamentos de ambos os autores, que examinam a hipótese de que parte do pensamento litúrgico de Joseph Ratzinger está construído sobre bases lançadas por Romano Guardini. O escopo desta pesquisa é contribuir para uma melhor divulgação e compreensão da teologia litúrgica de Joseph Ratzinger.
Summary:
Desafios é uma das palavras que define o processo empreendido nesta pesquisa. A razão é que a Escola Católica, em sua missão, encontra-se cada dia mais desafiada pelas constantes transformações que o desenvolvimento tecnológico e científico têm apresentado com consideráveis avanços e superações. É também necessário pensarmos no ser humano e nos seus processos diante de expressivas mudanças na comunicação e nas relações. A Igreja Católica, atenta as essas mudanças de configurações sociais e desejosa de responder às inquietações próprias do tempo, em 1965, através do Concílio Vaticano II, culmina a concepção de um processo de aggiornamento que tem como proposta promover uma atuação pastoral que tenha como modelo às fontes Bíblica e Patrística. Anterior a esse acontecimento, temos o surgimento das Escolas Católicas, que por meio do protagonismo de homens e mulheres que percorreram o caminho de santidade, realizaram a sua missão no campo da Educação. Esses, estando atentos às necessidades do tempo em que viviam, e imbuídos de ardor apostólico, fundaram, em todo o mundo, Escolas capazes de conjugar o anúncio de Jesus Cristo e uma educação de qualidade, porque não há evangelização sem a promoção da dignidade humana. Por isso, as Escolas Católicas estão no centro dessas mudanças e, no atual contexto, sentem ainda mais de perto os efeitos de uma configuração social e educacional que tem se transformado e inovado em seus processos. No entanto, a crise humana é refletida em inúmeras áreas da sociedade, em que a normalização dos discursos de ódio, a falta de atenção e a proliferação de doenças ocasionadas pela falta de sentido da vida têm afetado principalmente as crianças e as juventudes. E ainda o drama da fome e da violência que resultam em uma complexa crise migratória. Por isso, refletir a respeito da formação humana em que a Pastoral Escolar está inserida e tem sua atuação a coloca diante de grandes desafios.
Summary:
A contribuição do papa Francisco para o diálogo inter-religioso, em especial na sua carta encíclica Laudato Si’ é o tema principal desta dissertação. Foi feita uma exposição sobre o tema do diálogo inter-religioso em geral, através de obras de referência para esta temática, a fim de compreender os desafios e a importância do diálogo em tempos de pluralismo religioso e crise sócio-ecológica. Assim, foi preparado o terreno para posicionarmos as contribuições do papa Francisco ao tema do diálogo inter-religioso, caracterizando sua atuação em prol do diálogo da fraternidade, na amizade e caminhada conjunta, que vai em busca do enriquecimento mútuo e bem comum, trabalhando em favor da paz, justiça social, tolerância e liberdade religiosa. Utilizou-se primeiramente como base a exortação apostólica Evangelii Gaudium, conteúdo programático de seu pontificado que prevê a prática do diálogo inter-religioso como parte da missão evangelizadora da Igreja Católica. Chegou-se ao entendimento de que o diálogo inter-religioso está dentro da prática pastoral de Francisco. Levantou-se então a pergunta-hipótese: há em Francisco uma contribuição original e singular para o tema do diálogo inter-religioso atual? Questão respondida positivamente. Através da análise da Laudato Si’, constatou-se uma contribuição original de Francisco para a temática do diálogo inter-religioso, a construção de uma ecologia integral como tema de reflexão, encontro e colaboração inter-religiosas. Esta pesquisa integra-se no Projeto de Pesquisa sobre a Laudato Si’ coordenado pela professora orientadora.
Summary:
A família como escola de sociabilidade entre as pessoas permanece como lugar de aquisição de verdadeiros valores humanos através de um estilo fraterno de convivência possibilitando aos indivíduos a transmissão desses valores à sociedade. A família que nasce a partir da união do homem e da mulher, permanece muito valorizada, sobretudo, por parte daqueles que desejam se casar porque a reconhecem como instituição desejada e querida por Deus. Os esposos com seu amor e pela fé na graça do sacramento do matrimônio podem resplandecer o verdadeiro amor de Cristo pela Igreja. Dessa forma, é urgente por parte dos casais e de toda Igreja universal, empenhados numa atividade de evangelização, apresentar uma pastoral de formação e preparação à iniciação da vida matrimonial para que o Evangelho da família possa ser reconhecido como Evangelho de Cristo.
Summary:
A presente dissertação, a partir da análise exegética de Nm 11,24-30, estuda a função da rûaḥ YHWH descrita no texto. Considerando que, nas últimas décadas, não há muitos trabalhos desenvolvidos sobre o livro de Números, em particular sobre Nm 11,24-30, acredita-se que a presente pesquisa traz uma modesta contribuição. Fazer a análise exegética do texto, foi o principal objetivo, permitindo investigar a função da rûaḥ YHWH nos setenta anciãos, em Eldad e Medad e no desejo de Moisés. O método histórico-crítico foi utilizado como ferramenta indispensável, para se chegar a uma compreensão mais profunda de Nm 11,24-30. Observa-se que o texto possui duas subseções, sendo que a primeira serve também como introdução, e uma conclusão. YHWH dá a rûaḥ aos setenta anciãos, na Tenda do Encontro, e eles profetizam. A mesma situação ocorre, ao mesmo tempo, com Eldad e Medad no acampamento. Moisés ao saber do ocorrido, deseja que YHWH dê a rûaḥ a todo Israel, fazendo-os profetas. Tal desejo ganhou projeção futura e será interpretado como sinal da intervenção salvífica de YHWH na história (Jl 3,1-2).
Summary:
O tema da presente pesquisa é “O Padroado Régio no Brasil e as Circunscrições Eclesiásticas”. Está inserida nas atividades de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Teologia da PUC-Rio, área de concentração Teologia Sistemático-Pastoral, linha de pesquisa Religião e Modernidade, projeto de pesquisa História da Igreja e Modernidade: Permanências e Mudanças. O que se pretende – como objetivo principal – é investigar o que foi o Padroado Régio e qual a sua preponderância no Brasil no processo de criação das circunscrições eclesiásticas nos períodos colonial e imperial brasileiros. Nesse sentido, recorrendo primordialmente à documentação oficial coeva, investigar-se-á, por um lado, a origem do Padroado Régio Ultramarino de Portugal e a sua incidência na organização circunscritiva da Igreja Católica no Brasil. Depois, uma vez proclamada a independência brasileira, como o Império do Brasil incorporou esse Padroado transformando-o no chamado Padroado Imperial e como o exercitou no que tange à ampliação do número das circunscrições eclesiásticas brasileiras para a promoção de uma maior eficácia pastoral. Faz parte ainda do escopo da pesquisa a identificação de elementos que desmitifiquem a tendência diacrônica relativa à compreensão do Padroado Régio vigente em parte da historiografia moderna, estabelecendo a partir da investigação dos documentos oficiais da época uma distinção entre a essência e a natureza do referido Padroado e as contradições relativas à sua dinâmica e ao seu exercício manifestadas ao longo da história.
Summary:
Memória e a identidade são temas muito presentes nos debates e estudos contemporâneos, em muitos campos do conhecimento, abordados sob variados aspectos e envolvendo grupos diversificados. A perda de referências em meio às rápidas e profundas transformações que caracterizam o nosso tempo, certamente está relacionada com a necessidade de buscar compreender as causas e as consequências dessas mudanças. No campo religioso, este processo tem sido caracterizado pela perda progressiva das identidades herdadas, que tem como consequência problemas relacionados a transmissão de uma memória coletiva. Partindo desse contexto, esta pesquisa tem por finalidade refletir sobre as catacumbas cristãs, na cidade de Roma, entre os séculos II e IV, especialmente, enquanto lugar de memória e identidade para o Cristianismo, através de uma proposta de diálogo com outros campos do conhecimento, aos quais este tema se relaciona. Através dos registros deixados nestes cemitérios (iconográficos, epigráficos e outros), e de outros documentos, buscamos refletir sobre a importância das catacumbas cristãs para a preservação da memória e identidade do Cristianismo hoje. Em meio aos desafios advindos da pós-modernidade, intentamos que a reflexão em torno desses locais, como lugares de memória, possa contribuir para reflexões, a partir dos seus testemunhos, e inspirar opções e ações pastorais nas comunidades eclesiais.
Summary:
Nosso trabalho pretende apresentar a relação entre esperança e responsabilidade. Relação que aparece como força dinamizadora atuando nos processos de libertação, criando espaços de transformação no meio ambiente e na história, já que o ser humano se encontra subjugado por processos econômicos e mercadológicos de desenvolvimento que, ao invés de gerarem vida, acabam produzindo um sistema de opressão e morte. Nossa pesquisa segue uma metodologia bibliográfica em três partes, primeiro trataremos da problemática do mundo atual e suas consequências para o futuro do planeta e da humanidade. Dissertaremos sobre como a existência humana e toda a criação é colocada em perigo pelo descaso do próprio ser humano, esquecido de ser ele também parte da criação. Trataremos da relação entre o ser humano e natureza apontando seu descaso ao priorizar a técnica e a produção devido por olhar a natureza de forma utilitarista. Na segunda parte relacionaremos responsabilidade e esperança mostrando sua importância para a transformação da realidade. Apresentaremos ser a esperança responsável, força motriz na construção de um mundo novo, do Reino de Deus, projeto divino de salvação. Na terceira parte, falaremos sobre como essa esperança é gerada, como pode ser caminho de discernimento para uma verdadeira transformação da realidade, gerando um mundo mais justo, solidário e humano, possibilita um olhar crítico e construtivo para a realidade, despertando o desejo de criar um mundo novo, tocado pela esperança e marcado pela responsabilidade, mundo do Reino de Deus instaurado por Jesus de Nazaré.
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A dissertação analisa o contexto histórico que marca a origem da função de capelão de navio no mundo; também procura refletir como esta tradição tornou-se comum nos navios brasileiros. Ao refletir sobre o nascedouro do capelão naval, a pesquisa analisa o perfil dos primeiros capelães navais e os desafios que envolveram os primórdios da assistência religiosa em uma embarcação. Por meio de pesquisa bibliográfica, mapeia a presença do capelão naval na historiografia brasileira e de sua Marinha, abarcando o desenvolvimento histórico nas fases da Colônia, Império e República, e da Marinha durante a Armada Real Portuguesa, na criação da Armada Imperial e Nacional, bem como na fase atual da Marinha do Brasil. Embora grande parte da pesquisa se suceda no campo da História, a motivação por trás da interpretação dos eventos é teológica e pastoral, promovendo uma interpretação protestante sobre a missão de um capelão naval na atualidade. A pesquisa reflete sobre a identidade do capelão naval, sua missão, seus desafios pastorais, os saberes que deve possuir e as atribuições deste ministério, revelando a necessidade de o capelão naval corresponder às exigências da instituição que representa, tendo a maturidade para pastorear um grupo heterogêneo e heterodoxo, dialogando com o ecumenismo e a inter-religiosidade, sem descaracterizar-se de sua confessionalidade. Impulsionado pelo desígnio de cumprir sua tríplice missão – assistência religiosa, assistência espiritual e apoio as atividades de educação moral – o capelão naval também é impelido teologicamente pela motivação cristã de servir as pessoas, testemunhando o evangelho de Cristo.
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A hermenêutica bíblico-teológica situada na metodologia teológica de Joseph Ratzinger, nomeada por ele hermenêutica da fé, é o tema principal dessa dissertação. Busca-se através desse aspecto do pensamento de Ratzinger encontrar perspectivas que proporcionem, no fazer teológico, uma relação saudável e frutífera entre Sagrada Escritura e teologia sistemática, tendo em vista o contexto da teologia contemporânea e os desafios hodiernos. Para analisar esse aspecto do pensamento de Ratzinger, foi necessário estudar e apresentar o que é o método histórico-crítico, pois a formulação da sua hermenêutica bíblico-teológica se deu no diálogo com ele. Posteriormente se analisou a importância da Constituição Dogmática Dei Verbum na sistematização da hermenêutica bíblico-teológica de Ratzinger. Buscando verificar esse aspecto de sua metodologia em uma área específica de sua teologia, optou-se pela cristologia, em especial no primeiro volume de sua obra Jesus de Nazaré. Nesse capítulo busca-se evidenciar a maneira como Ratzinger interpreta as Sagradas Escrituras no fazer teológico, com o objetivo de verificar se ele pratica sua hermenêutica bíblico-teológica. Também é dedicado um capítulo à apresentação das diversas análises feitas por alguns autores à proposta metodológica de Ratzinger para a composição do Jesus de Nazaré. Nessas análises, buscou-se focar a metodologia usada por Ratzinger. Foram apresentadas as recepções positivas, e também, algumas críticas.
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Na contemporânea reforma do Papa Francisco em busca de uma “Igreja em Saída” e na instituição da celebração de “Maria, Mãe da Igreja”, pode-se identificar em Maria um sinal da maternidade e da ternura da Igreja na nova evangelização. Isso é perceptível através de uma redescoberta do papel da Virgem Maria no Mistério de Cristo e da Igreja, a partir de um caminho trilhado através da sagrada escritura, da tradição e do magistério, especialmente desenvolvido na mariologia eclesiotípica do Concílio Vaticano II e do Documento de Aparecida.
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Esta dissertação é um estudo da Laudato Si’, carta encíclica do Papa Francisco, sobre o cuidado da casa comum. Se quer enfrentar a questão ecológica a partir da gravidade da situação da Mãe Terra: quem está sofrendo e gritando são tanto a natureza como os seres humanos mais fragilizados, em condições de pobreza. Os objetivos do trabalho levam a considerar como a modalidade atual do progresso técnico-científico (ou desenvolvimento), animado por uma visão antropocêntrica do ser humano, é apontada como principal responsável do descaso com a natureza. Também uma consideração teológica da criação exclusivamente centrada no monoteísmo configurou-se como base de uma compreensão do ser humano com características de dominador. Por isso, torna-se urgente uma nova visão do ser humano, centrada na qualidade do cuidado. A Laudato Si’ traz sinais de esperança para um resgate de toda a criação, que podem ser encontrados na escatologia cristã: a nova criação encontra no Cristo ressuscitado as suas primícias. A metodologia usada na dissertação vai seguir o esquema clássico do ver-julgar-agir. O trabalho se divide em três partes: a primeira apresenta a situação atual. A segunda se aprofunda na proposta trazida pela Laudato Si’ e as suas raízes na América Latina. A terceira parte faz uma leitura da questão ecológica na perspectiva da escatologia e da proposta ética que surge como consequência. O resultado esperado vai na direção de uma conversão ecológica: aquela mudança que permite uma nova visão do mundo e uma ação respeitosa e cuidadosa com a casa comum.
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A partir da análise da renovação da eclesiologia que ocorreu na história da teologia a partir do século XIX com o consequente redescobrimento da noção de Igreja como Corpo de Cristo, buscamos nessa pesquisa mostrar como se deu o desenvolvimento desse conceito na renovação da eclesiologia no século XIX, partindo da eclesiologia de Möhler, passando pelos teólogos da Escola de Roma influenciados por ele e mostrando as bases colocadas pelo Magistério da época, principalmente no Concílio Vaticano I. Analisamos também de que maneira se seguiu a reflexão teológica do conceito de Corpo de Cristo nos diversos momentos que a teologia passou no início do século XX, chegando até a encíclica Mystici Corporis de Pio XII e a sua influência no Concílio Vaticano II, principalmente na redação da encíclica Lumen Gentium. A partir dessa compreensão da evolução da noção Corpo de Cristo na eclesiologia recente concluímos o trabalho analisando a contribuição de Joseph Ratzinger que dá luzes importantes para compreender como a noção de Corpo de Cristo nos ajuda a entender melhor a própria natureza da Igreja.
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Em Gálatas, Paulo está em defesa da “Verdade do Evangelho” (Gl 2,5.14) e luta contra o trabalho dos missionários rivais que estavam pervertendo a mensagem cristã naquelas comunidades. Paulo era ciente de que muitos dos seus argumentos e proposições poderiam levar a conclusões falsas. Para não deixar dúvidas e convencer seus leitores acerca da Verdade, um dos recursos que Paulo usa é criar perguntas e responde-las, afim de se antecipar às falsas conclusões que seus leitores poderiam tirar de suas proposições. Estas perguntas do interlocutor hipotético, geralmente consideradas absurdas, são respondidas com um veemente “de jeito nenhum!” (μá½´ γá½³νοιτο). Buscamos, neste trabalho, investigar o uso desta expressão em Gálatas comparando-o com o uso na literatura grega (bíblica e extra-bíblica) para, assim, alcançarmos uma maior clareza do sentido da expressão em Gálatas. Estudiosos têm buscado uma resposta para o uso que Paulo faz de μá½´ γá½³νοιτο em Epíteto (50-135 d.C.), no entanto, a tese desta pesquisa é que a resposta pode ser encontrada nos “oradores gregos” anteriores a Paulo. Cremos que este tema seja relevante uma vez que quase não há bibliografia específica a respeito do uso da expressão μá½´ γá½³νοιτο, e a que existe restringe-se ao seu uso na diatribe.
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A presente dissertação trata da questão de Maria dentro do Cristianismo, no âmbito do diálogo entre a Igreja Católica e as Igrejas protestantes. Partimos de uma abordagem sobre o ecumenismo na atualidade, com ênfase no ecumenismo espiritual, para situarmos um contexto no qual se pode aprofundar o tema de Maria. A perspectiva que adotamos foi a aproximação do ensinamento do Magistério da Igreja, conforme o Capítulo VIII da Constituição Lumen Gentium, com o qual confrontamos o livro do Grupo de Dombes Maria no desígnio de Deus e a Comunhão dos Santos, que tomamos com ponto central desta dissertação. Esse livro foi vivamente investigado e apresentamos um resumo do seu conteúdo com suas propostas de interesse ecumênico. Do mesmo livro levantamos as ideias que são tratadas nas seções finais da explanação. Nestas seções, iniciamos por enfatizar aspectos do diálogo com a Comissão Internacional Anglicano-Católica Romana (ARCIC) e a Federação Luterana Mundial. A seguir, identificamos pontos de contato do livro de Dombes e da Constituição Lumen Gentium com a Exortação Marialis Cultus, como chave para aproximações sobre uma visão da figura de Maria, tendo também em conta a ótica de alguns outros autores, em contribuições atuais. Desenvolvemos, no final, alguns aspectos teológicos e pastorais do tema, ainda em perspectiva ecumênica, e apontamos, em especial, para os elementos promotores de consenso entre as Igrejas verificados na pesquisa. Foram priorizadas metodologias e propostas que pudessem servir de base para o desenvolvimento do diálogo ecumênico sobre Maria.
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A história, a memória e a teologia, preservada nos versos das canções produzidas pelas Comunidades Eclesiais de Base, são de suma importância para a História Eclesiástica. Os cantos do Cancioneiro Popular das CEBs constituem uma realidade presente na Igreja do Brasil. Era preciso adentrar a história desses cantos, revisitar suas memórias e analisar sua teologia para compreender melhor o valor que a CNBB atribui a estas canções. Esta dissertação objetiva analisar a construção da história, memória e teologia das canções do Cancioneiro Popular das CEBs. Objetiva analisar de maneira histórico-teológico a arte produzida pelos adeptos da Teologia da Libertação. Essas Canções de Esperança são um patrimônio vivo, que trazem em si o legado das lutas, vitórias e derrotas dos que a todo custo tentaram denunciar as injustiças e anunciar que o reino já está entre nós. As canções cebianas trazem em si uma antecipação escatológica de uma realidade “já” existente, porém, “ainda não” completada. Nas canções das CEBs são facilmente encontradas traços da Teologia da Práxis e da Teologia da Esperança, por isso, a teologia apresentada nestas canções provocam uma inquietação no homem que por causa de Cristo não se contenta com a realidade dada, deseja contradizê-la. Percebe-se, assim, que a tensão faz parte da vida cristã – apesar da esperança – e que toda a vida do homem está embebida da índole escatológica que deve ser vivida à luz da Esperança maior que se faz realidade “já” aqui, mas “ainda não” é aqui. Logo, essas canções fomentam a luta para que a realidade do “já” seja uma antecipação do “ainda não”.
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Esta pesquisa versa sobre “o maior entre os nascidos de mulheres”, com base no texto de Mt 11,2-15. Partindo desse princípio, a pesquisa aborda sobre João, o Batista, no testemunho dado por Jesus aos discípulos que estavam à sua volta. É bem verdade que a vida de João, o Batista, é um enigma a ser desvendado, tendo em vista as poucas informações oferecidas a respeito de sua vida, com exceção daquelas que são encontradas em textos do Novo Testamento (Evangelhos e Atos dos Apóstolos) e em textos extrabíblicos. Ao pesquisar essa perícope, encontramos um paralelo em Lc 7,18-28, com suas semelhanças e diferenças, sobre as quais faremos menção aqui em nosso estudo e abordagem. Nesse sentido, esse trabalho faz uma análise do texto base aqui pesquisado, recorrendo ao contexto histórico de Mateus, passando pela comunidade mateana, onde o Evangelho foi desenvolvido e o testemunho de Jesus foi identificado a João, o Batista. Em outro momento, faremos um status quaestionis a respeito do tema “João, o Batista, o maior entre os nascidos de mulheres” em Mt 11,2-15 com as contribuições necessárias de alguns autores. Por fim, faremos uma exegese da perícope de Mt 11,2-15, seguindo os critérios do Método Histórico-Crítico e da Análise Retórica Bíblica, para alcançarmos o sentido próprio do texto direcionando para a compreensão do tema: “João, o Batista, o maior entre os nascidos de mulheres: Uma análise exegética de Mt 11,2-15”.
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O tema da presente pesquisa é a proclamação de Jesus sobre o Reino de Deus na teologia de Joseph Ratzinger e no Magistério de Bento XVI. O que se pretende – como objetivo principal – é investigar como essa noção é interpretada nos textos desse autor, qual o significado que tal realidade assume em seu pensamento teológico e em seu Magistério e identificar sua importância para a compreensão da figura e da mensagem de Jesus. Com esse último elemento, na realidade, se toca em um aspecto da grande e importante questão que é a relação entre a proclamação do Reino de Deus por Jesus de Nazaré e as origens da cristologia. Com isto, se visa obter um melhor esclarecimento sobre como Joseph Ratzinger-Bento XVI interpreta o Reino de Deus e de que forma ele fundamenta e aplica essa sua interpretação. Faz ainda parte do escopo da pesquisa a identificação de elementos que distinguem sua interpretação da de outros autores e, ainda, se sua interpretação sofre alguma alteração na evolução de sua obra. Como é sabido, no contexto da discussão sobre o Jesus histórico, essa problemática constitui um aspecto essencial, inúmeros autores se debruçaram sobre ela e muitas foram as interpretações que dela se ofereceram, pelo menos, desde o século XVIII, com o advento da pesquisa histórico-crítica.
Summary:
O sacrifício e o pathos divino, aproximações entre René Girard e Jürgen Moltamnn se inscreve entre as férteis articulações interdisciplinares da teologia deste tempo aberto e sensível ao falar de Deus na contemporaneidade. As pistas deixadas pela estranha relação entre a violência e a religião, que haviam inquietado de longa data a etnologia, mas que recentemente arrefeceram-se com respostas esparsas, receberam novo fôlego através das obras de Girard. Partindo da mesma chave hermenêutica sacrificial, mas usando categorias epistemológicas distintas, o pensamento de Girard e a teologia de Moltmann se fundem, demosntrando a inusitada unidade testemunhal dos Evangelhos como complementação definitiva da narrativa da história salvífica e demonstração plena do pathos de Deus em favor de toda a humanidade. Isso se deve não simplesmente porque o Crucificado esteja vindicado e inscrito na atrocidade e violência dissimulada, mas exatamente por ser ele a vítima menos provável de toda a história.
Summary:
Teologia moral contemporânea: Status questionis, ética e hermenêutica em 1Jo 2,15-17” propõe uma reflexão acerca das questões morais que assolam a humanidade, de Sócrates aos seres humanos contemporâneos. Faz um estudo filosófico do campo que alguns nomeiam ética e outros, moral para propor uma reflexão acerca da teologia moral e/ou da ética religiosa.Essa dissertação inicia pelo estado da questão, para perceber o fundamento filosófico presente em toda teologia moral. Realiza uma síntese da ética filosófica, destacando seus horizontes e as principais correntes éticas contemporâneas. Apresenta uma fundamentação histórica da teologia moral, do horizonte tridentino ao contexto pós-Vaticano II, procurando demonstrar que ela sempre esteve a reboque dos acontecimentos, e não diante deles, acenando por qual caminho o cristão pode e deve enveredar-se. Na sequência, faz uma tentativa de refletir acerca do possível substrato bíblico da teologia moral, expondo os pontos essenciais do documento da Pontifícia Comissão Bíblica denominado “Bíblia e Moral”. Por fim, traça rotas de investigação para a compreensão da moral nos livros bíblicos, detendo-se nas Cartas Católicas – aspectos principais da primeira Epístola de João – e realiza uma análise particular da ética na hermenêutica de 1Jo 2,15-17, a fim de poder demonstrar que o papel da teologia moral católica na contemporaneidade é o de “humanizar” o ser humano, reafirmando que não há outro modelo a ser seguido a não ser Jesus Cristo.
Summary:
O rito tem seu lugar preponderante na liturgia da Igreja. Ele pertence ao mundo das mediações ativas da atitude religiosa, que abarcam desde o gesto mais simples à mais complicada celebração. Os ritos são, portanto, todas as ações orientadas à expressão religiosa, e na sua gênese está o sagrado, o divino, aquilo que é apontado como mistério. A irrupção de Deus na história, através da encarnação e ação redentora de seu Filho, o Cristo Jesus, possibilitará ao rito litúrgico cristão um elemento diferenciador de toda outra forma ritual, aquele de fazer sempre referência a uma “realidade” plena, isto é em nível de evento que já se efetuou, e ele é apropriadamente “a imagem” daquele evento, na própria “semelhança”, que o liga a ele, traz o “sinal” da “realidade” a que se refere. A partir da teologia litúrgica da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II, a Sacrosanctum Concilium, procuramos compreender como o rito litúrgico, na sua precípua função de anunciar e realizar, torna-se o lugar da epifania do Mistério Pascal de Cristo. Nele, o mistério de Cristo se manifesta de forma clara e luminosa, proporcionando à Igreja uma profunda experiência.
Summary:
O Sl 8, objeto de estudo da presente pesquisa, é uma poesia que descreve um aspecto da criação, como um louvor descritivo, emoldurado por um refrão corálico. O Sl 8 se dirige a YHWH sempre na segunda pessoa, com exaltações inesgotáveis. Apresenta a figura do homem de maneira central no poema, sem no entanto ofuscar a centralidade de YHWH no que tange sua posição dentro do Sl 8. Enquanto unidade poética, o Sl 8 estrutura-se em duas seções (vv. 1-5 e vv. 6-10), as quais possuem nuances bem específicas, e patentes devido a sua métrica. A primeira seção é iniciada com uma exaltação plural (v.2), que poderia ser a comunidade manifestando sua exaltação a YHWH, tem uma alternância para o singular no v.4, como o louvor de um indivíduo, e retoma a exaltação plural no v.10. Como parte do livro dos Salmos, que pode ser entendido como uma retribuição humana a Deus, o caráter doxológico é sempre muito presente, principalmente nos Salmos onde se referem a criação, visto que é sempre entendida como uma manifestação da grandiosidade do Deus de Israel, que tudo criou. O Sl 8 apresenta então a criação de YHWH para o homem, e o homem devendo remeter-se sempre a YHWH.
Summary:
Ecl 12,1-8, perícope sobre a qual se concentrou o objeto de estudo da presente pesquisa, consiste em uma poesia hebraica, caracterizada como uma instrução sapiencial, que tem como temas principais duas realidades do ocaso da vida: a velhice e a morte. Essa perícope integra as seções de conteúdo ético do livro, o que fica evidenciado por meio do imperativo “e lembra-te” (וּזְכֹר) em Ecl 12,1a. Como unidade textual bem delimitada, com excelente nível de coesão e coerência, a perícope está estruturada em quatro partes, enquadradas por uma introdução e uma conclusão, e desenvolvida a partir das locuções de caráter temporal “enquanto não” (עַד ×ֲש×ֶר לֹ×Ö¾ – cf. Ecl 12,1b.2a.6a) e “no dia que” (×‘Ö¼Ö·×™Ö¼×•Ö¹× ×©×Ö¶ – cf. Ecl 12,3a). Com acentuada linguagem simbólica, o sábio Qohelet dirige-se ao jovem (בָּחוּר), exortando-o à lembrança dos seus “criadores”, isto é, de Deus (v.1a), antes que cheguem a velhice (vv.3-5e) e a morte (vv.5f-7). O tema da morte é relevante e iterado ao longo do livro de Eclesiastes, pois entra em sintonia com a descoberta fundamental de Qohelet: o caráter transitório, expresso pelo vocábulo הֶבֶל, de todas as realizações humanas e do próprio ser humano. Ao colocar Deus no inicio e no fim do poema (cf. Ecl 12,1.7), e ao exortar o jovem à lembrança de Deus antes da velhice e da morte, Qohelet indica que Deus não é marcado pela realidade do הֶבֶל, e quer provocar no jovem discípulo, destinatário da mensagem de seu poema, a reflexão sobre a importância da consciência da transitoriedade da vida e de Deus como único ponto de apoio absoluto.
Summary:
A presente dissertação, a partir da análise exegética de Nm 18,1-7, estuda as funções e os serviços cultuais desempenhados pelos sacerdotes e levitas, particularmente os coatitas. Tendo em vista que, nas últimas quatro décadas, não há muitos trabalhos desenvolvidos sobre o livro de Números, em particular sobre Nm 18,1-7, acredita-se que a presente pesquisa traz uma modesta contribuição. Fazer a análise exegética do texto, foi o principal objetivo, permitindo investigar o papel de Aarão e de seus filhos (sacerdotes) no exercício de suas funções na Tenda da Reunião, sendo auxiliados pelos levitas, a fim de preservar a santidade da comunidade de Israel e assim, evitar a morte de seus membros. Com isso, percebe-se que Nm 18,1-7 confirma a importância da corrente sacerdotal na redação final do livro de Números. Apesar de conter materiais não sacerdotais, esse livro realça e atesta a atuação fundamental dos sacerdotes e dos levitas em favor de Israel. O método histórico-crítico foi utilizado como ferramenta indispensável, para se chegar a uma compreensão mais profunda e aprimorada de Nm 18,1-7. Observa-se que a seção possui uma introdução e sete subseções, que formam um quiasmo, dado corroborado pelos elementos sintáticos e semânticos que a compõem. Aarão é personagem central e destinatário direto da palavra de YHWH. Ao se classificar Nm 18,1-7 como “torá sacerdotal”, atesta-se a sacralidade do culto e do serviço dos sacerdotes e levitas, pelos quais Israel pode ser preservado de conflitos e de sofrer danos mortais (cf. Nm 16–17).
Summary:
A tensão já e ainda não em Oscar Cullmann e suas implicações e possibilidades para a missão da Igreja caracteriza-se por um trabalho de pesquisa que se desenvolve em perspectiva de diálogo entre a escatologia e a missiologia. O objeto principal de análise neste diálogo é o paradoxo temporal clássico da teologia conhecido por já e ainda não do Reino de Deus. O trabalho parte da pergunta pela natureza temporal da esperança do povo de Deus. Ele começa na Escritura, passa pela trajetória da Igreja através dos séculos e chega até os tempos atuais. Percebe-se como a expectativa pelo cumprimento das promessas de Deus alternou-se ao longo da história. Às vezes a orientação possuía uma ênfase futurista. Outras vezes ela se concentrava no tempo presente. A reflexão descobre então, em Oscar Cullmann, uma proposta significativa para resolver o problema da polarização da esperança. Cullmann, a partir de sua exegese do Novo Testamento, vê como o Reino de Deus e suas promessas sempre possuíram uma dupla aplicação temporal. Como eles ainda hoje possuem um aspecto já inaugurado na pessoa e obra de Jesus Cristo, já presente entre nós, e outro ainda não consumado, o qual é esperado para o futuro. Nascia o insight já e ainda não. Em seguida, esta dissertação vai mostrar como a tese escatológica de Cullmann foi recebida e reverberada por outros teólogos de seu tempo. E por último, esta reflexão conduz ao subtítulo deste trabalho, que é fazer um estudo de como a tensão já e ainda não informa a mensagem missional e afeta a postura missional da Igreja e do cristão.
Summary:
A teologia do domingo se desenvolve a partir da ressureição de Cristo. Diante desse evento, os Apóstolos compreenderam que esse dia deveria ser recordado como memorial pascal da nova e eterna Aliança. O domingo constitui, portanto, o novo tempo do culto cristão, deixando o sétimo dia, o sábado judaico, para então se tornar o primeiro dia da semana como o dia santo. O domingo também assume uma perspectiva escatológica, chamado de o oitavo dia, ou seja, o domingo que não tem fim e, para a vida da Igreja nascente, é um dia especial de culto. Os Padres da Igreja deixaram grande testemunho acerca desse dia que começa aqui para ter seu fim na eternidade. Essa dissertação propõe, então, perfazer um caminho de reflexão sobre a teologia do domingo, tendo em vista que, desde o Concílio Vaticano II, o domingo vem sendo celebrado com a proposta de uma participação plena, ativa e consciente. Para tanto, utilizou-se uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, embasada na Sagrada Escritura, na Tradição, Magistério e Documentos da Igreja, assim como as leituras de vários estudiosos do assunto. A Constituição Sacrosanctum Concilium teve grande relevância no tocante à questão litúrgica na vida Igreja, ajudando a comunidade de fé a celebrar e viver o mistério de Cristo. A impostação da pesquisa é histórico-salvífica, visto que, desde a criação, já estava presente o desígnio do Pai de salvar e redimir o ser humano, e reúne elementos bíblicos e da eclesiologia litúrgica. O domingo torna-se o lugar privilegiado da irradiação da graça divina através da celebração do Mistério Pascal de Cristo, produzindo nos fiéis uma transformação para a vida. A comunidade que celebra a fé no dia do Senhor, se vê guiada pelo Espírito que estava presente na criação, verbalizado na aliança no Sinai e encarnado no Cristo
Summary:
A pesquisa apresenta os principais temas do pensamento teológico-político de Johann Baptist Metz que servem de matriz para se repensar a responsabilidade e a práxis da teologia fundamental na sociedade. Tal pensamento não apenas aborda a questão do sofrimento humano, mas busca fundamentar o compromisso de uma teologia política da Igreja e do Cristianismo como um elemento fundante do projeto salvífico de Deus na pessoa de Jesus Cristo.
Summary:
A presença de Deus se evidencia no mundo de diversas formas. Ela se tornou ainda mais manifesta quando Deus irrompeu na história e selou com Israel uma aliança. Amorosamente escolhido, o povo da antiga aliança pôde experimentar a cuidadosa presença do Senhor através de inúmeros “sinais-sacramentos”. Segundo o relato das Escrituras e o testemunho das primeiras comunidades cristãs, essa mesma presença se fez carne em Jesus Cristo, o Verbo eterno do Pai. Por meio de gestos e palavras, Jesus revelou aos homens a presença de Deus e, na potência de seu Espírito, lhes tornou membros de seu Corpo, a Igreja. As primeiras gerações cristãs, conscientes de serem herdeiras da fé do antigo Israel, procuravam – sobretudo em suas assembleias litúrgico-cultuais – experimentar e testemunhar, diante do mundo, o Cristo ressuscitado, sinal privilegiado da presença de Deus. Nele, por meio dele e com ele, doravante, o ser humano e o restante da criação carregam em si a potência de serem sacramento da presença do eterno no tempo. Segundo Santo Agostinho, isso se aplica, de modo particular, ao mistério e à missão da Igreja – “corpo-presença” de Cristo na história. Diz o santo Doutor que, no regime da nova aliança, este no qual vivemos, convém falar na presença e ação de um “Cristus totus”. Trata-se do “Cristo todo inteiro”: o Cristo – “plenitude” e “primogênito”, por meio do qual todos os seres são reconciliados com Deus – e seu Corpo, a Igreja, cooperadora de Cristo em seu agir reconciliante. O Concílio Vaticano II, por sua vez, reverberando o pensamento do Doutor da Graça, consegue captar e reconhecer que a Igreja tem um importante papel no processo de reconcilação-deificação do criado. A Igreja, sacramento de Cristo, poderia, então, ser chamada de “Corpus totum”. E tudo em vista do mais profundo e original anelo do Deus-Amor: ser presença geradora de comunhão em tudo o que existe.
Summary:
O tema da misericórdia é estudado a partir do que é apresentado no Livro de Walter Kasper “A Misericórdia – Condição fundamental do Evangelho e chave da vida Cristã”, com elementos para o aprofundamento do conhecimento da misericórdia de Deus, nas Escrituras, no ensinamento e na vida da Igreja, e sua ação dentro da Igreja e no mundo. Juntamente com o estudo de Kasper, a dissertação procura verificar o ensinamento do Papa Francisco no ano do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. A dissertação destaca elementos do livro de Kasper e ênfases do ensinamento do Papa Francisco, em principais documentos pontífícios no ano jubilar, como a Bula Misericordiae Vultus que abre o ano da misericórdia e a carta apostólica Mirecordie et Misera fechando o ano e em audiências. Em Kasper e em Francisco apresentam-se questões importantes para o agir do cristão no mundo. A Escritura mostra a misericórdia de Deus. A misericórdia está na obra salvífica de Deus. A misericórdia deve estar na fé e na vida dos cristãos. O diálogo da misericórdia será necessário para levar a ação da misericórdia de Deus para uma cultura da misericórdia e para a evangelização do mundo. A Igreja deve receber a misericórdia de Deus e anunciar com palavras e obras da misericórdia e nos sacramentos. É necessário ter atenção com o sacramento da reconciliação onde a pessoa se encontra com o perdão e a misericórdia de Deus.
Summary:
O Evangelho segundo João desperta grande interesse pelas alusões, em preferência às citações, que faz do Antigo Testamento para anunciar a Boa Nova de Jesus. Localizada no primeiro momento em que, neste Evangelho, Jesus se dirige aos judeus (cf. Jo 2,13–3,36), a perícope de Jo 3,1-12 é a primeira grande seção do diálogo com Nicodemos, um fariseu e um principal dentre os judeus, que, pelas formas plurais ali empregadas, sabe-se estar também representando seus pares, neste diálogo que tocará em pontos centrais a estes. O anúncio, feito por Jesus, de um novo nascimento que, progressivamente, se apresenta como sendo “do alto”, “de água e espírito”, “do Espírito”, é incompreendido por Nicodemos. A repreensão que lhe é dirigida em seguida, por ser “mestre de Israel” e desconhecê-lo (cf. Jo 3,9-10), indica que na base do anúncio feito está algum texto das Escrituras de Israel. A pesquisa realizada encontrou na profecia de Ez 36,24-28 consideráveis correspondências textuais com Jo 3,1-12. A dissertação se propõe a aprofundar a compreensão de Jo 3,1-12 a partir da análise exegética desta perícope, situando-a em seu contexto amplo e imediato, da análise exegética de Ez 36,24-28 e da análise das relações intertextuais, segundo os critérios de Markl, dos dois textos citados.
Summary:
O tema do testemunho cristão é o foco principal deste trabalho. Segundo Salvador Pié-Ninot, na sua Teologia Fundamental, o testemunho se apresenta como a nova via empírica, isto é, o novo caminho que, através da vida cotidiana da Igreja com suas experiências diversas, por vezes até paradoxais, se apresenta como motivo coerente e plausível para se crer. Afinal, o testemunho é como que uma condição primeira necessária à credibilidade da fé. Isso é importante na tarefa apologético-dialogal da Teologia Fundamental. Dentro desta, na parte da Eclesiologia Fundamental, o testemunho é tido como elemento-chave de credibilidade na Igreja e passa a ser conhecido como “via testimonii”, por ser o caminho mais enfático, notório e coerente para a evangelização. A perspectiva do testemunho que, segundo Pié-Ninot é “sempre teológico”, dá-se no testemunho eclesial como “mistério envolto em paradoxo”. O testemunho cristão conduz à tarefa apologética, facilitando o diálogo na Igreja, quer pessoal (pela oração a Deus e Liturgia), quer com os irmãos (diálogo ecumênico e inter-religioso); e na diaconia do serviço de amor ao próximo.
Summary:
O objetivo dessa dissertação é pesquisar o valor da dimensão extática da Igreja. Fazendo um estudo teológico-pastoral sobre a Renovação Carismática Católica no Brasil. Com isso, começaremos a nossa pesquisa apresentando o desejo de Deus em se comunicar com o ser humano e como consequência este tem a necessidade de acolhê-Lo e se comunicar com Ele. Esta ânsia de comunicação, manifesta-se no arco da história das religiões de diversas formas, uma delas é o êxtase. Investigaremos, então, a função que o êxtase tem na experiência religiosa cristã primitiva. Faremos um percurso histórico a respeito do êxtase no antigo Israel, como também na experiência religiosa de outros povos que tiveram contato com Israel. Isto para podermos compreender a experiência extática veterotestamentária como também neotestamentária. Mostraremos a dimensão extática na Igreja dos Atos do Apóstolos e na Igreja de Corinto. Veremos que por causa desta dimensão extática, os carismas transbordavam e milagres e prodígios aconteciam abundantemente. Com isso, a cada dia mais e mais pessoas se juntavam a eles, pois eram Igrejas inclusivas onde ninguém passava necessidades. Em seguida, apresentaremos como ao longo dos tempos, devido as dificuldades enfrentadas, surgi a necessidade de sistematizar a Igreja. Provocando o enfraquecimento da sua dimensão extática, dando preferência a defender a fé pela razão. A doutrina passa a ser racional e o kerigma perde seu lugar para a filosofia moral, acontecendo o declínio da Igreja extática. Contudo, o Espírito Santo sopra, mais uma vez, sobre a Igreja e o Concílio Ecumênico Vaticano II é convocado. Há neste momento da história, uma reviravolta na Igreja e o retorno dos carismas, havendo assim o reavivamento da Igreja extática, dando início a Renovação Carismática Católica. Em seguida, mostraremos as críticas e controvérsias que a Renovação Carismática Católica teve que enfrentar causando assim a necessidade de se sistematizar e hierarquizar. Finalizaremos a nossa pesquisa apresentando os riscos e as possibilidades pastorais, atuais, para a dimensão extática da Igreja. Mostraremos que apesar de estarmos vivendo uma transição epocal, a proposta cristã permanece a mesma e por essa razão é preciso recuperarmos o projeto de Jesus Cristo e a dimensão extática de Sua Igreja. Uma vez que a nossa intenção de mostrar que o êxtase é uma legítima expressão dentro de uma estrutura religiosa.
Summary:
A presente dissertação tem como objetivo interrogar sobre o problema do sofrimento e do sentido de vida no mundo contemporâneo, partindo de uma análise que contextualiza a compreensão e a vivência do sofrimento na atual sociedade. Estudaremos o livro Homo Patiens, do psiquiatra vienense Viktor E. Frankl, e a Carta Apostólica Salvifici Doloris, do Papa João Paulo II, buscando, através dos pontos em comum no pensamento dos dois autores, realizar um diálogo entre fé e cultura. Diante das propostas que a sociedade contemporânea apresenta para suprimir o sofrimento e que, muitas vezes, resulta em vazio existencial, desprezo dos mais fracos e em distanciamento de Deus, buscaremos respostas mais adequadas sobre o sentido do sofrimento, sobre o valor da pessoa humana e sobre a relação entre Deus e o sofrimento humano.
Summary:
A Teologia da Criança é o campo de pesquisa que tem como sujeito teológico o ser humano de pouca idade e denuncia o adultocentrismo como estrutura de opressão. O centro de toda construção teológica se estabelece ao redor e a partir da figura da criança. A pesquisa tem como objetivo analisar a relação entre a experiência de Deus e a valorização da infância, sinalizando a existência de uma ligação estreita entre um e outro. A experiência com o Mistério ganha novos contornos a partir da mística singular das crianças, bem como a infância adquire novas cores a partir da revelação desse Mistério em Jesus Cristo. Os pequeninos são a parábola que as Escrituras utilizam para falar sobre Deus, a vida cristã e os vulneráveis desse mundo, transcendendo assim a razão, a instituição e o consumo como lógica adultocentrica e propondo a mística, a liberdade e a generosidade como alternativa para se fazer como criança. Os adultos podem e devem reconhecer nas crianças um caminho para a experiência real de Deus.
Summary:
No início da vida das primeiras comunidades cristãs, a liturgia ocupou um papel de grande protagonismo. Era o lugar, por excelência, para a evangelização,para a catequese e para o anúncio da fé. A relação entre liturgia e fé, conforme era vivenciado pelos Padres da Igreja, pode ser definida pelo famoso axioma de Próspero de Aquitânia: “Ut legem credendi lex statuat supplicandi”. Viver a fé sob a lógica da lex orandi significa compreender os mistérios da Igreja sob a luz de sua celebração litúrgica. Para a Eucaristia, o estudo do Ordo Missae, e, de forma mais estrita, da anáfora eucarística, é o caminho que a lex orandi oferece à Igreja para o entendimento e a vivencia do Mistério Pascal pelos cristãos. O Concílio Vaticano II representou um grande marco para a Igreja. Depois que a prática litúrgica sofreu a influência de séculos de afastamento no modo de entender a fé dos Padres da Igreja, o Concílio promove um processo de retorno do protagonismo da lex orandi.
Summary:
“Um papa do fim do mundo, uma teologia do terceiro mundo e uma Igreja para todo o mundo” propõe uma análise da possibilidade para a Igreja do terceiro milênio a partir da eleição de um argentino vindo do fim do mundo como papa, e de sua experiência como sacerdote pós-conciliar. Nesse lugar do qual veio o papa Francisco, as terras da América Latina e do Caribe, também se produziu uma singular teologia ao final do século XX, que refletia as condições sociais, políticas, econômicas e culturais do povo latino-americano: a teologia da libertação. Esta dissertação apresenta uma biografia de Jorge Mario Bergoglio, um panorama histórico da Argentina que recebeu os imigrantes europeus no início do século XX, entre eles a família do futuro papa, e o impacto da escolha do nome Francisco. Na sequência, traz a história do desenvolvimento da teologia no Novo Mundo, que culminou com o surgimento da teologia da libertação, suas principais ideias e, por fim, analisa as propostas eclesiológicas do papa Francisco apresentadas na Evangelii Gaudium, em consonância com as principais temáticas da teologia da libertação, sua defesa dos pobres, explorados e desfavorecidos como projeto de missão da Igreja e, principalmente, sua percepção da necessidade de atualizar a Igreja (retomando as originais propostas do Concílio Vaticano II especialmente concretizadas em Medellín), para um mundo que hoje se descortina plural e crítico.
Summary:
Em “Uma teologia de fronteira: a missão da Companhia de Jesus junto aos migrantes e refugiados”, procuramos mostrar a evolução do conceito de missão na fronteira dentro da Companhia de Jesus e como ela enxerga hoje essa missão. Inicialmente, fizemos um trajeto pela história das Congregações Gerais da Companhia, desde o Vaticano II, para, em seguida, analisarmos a eclesiologia do papa Francisco, jesuíta, a fim de mostrar nela a influência da visão inaciana de missão. A partir daí, estabelecemos um paralelo entre as opções missionárias do papa e as da Companhia. Devido à urgência do tema, analisamos apenas a fronteira caracterizada pelo drama dos migrantes e refugiados. Francisco trouxe a questão dos migrantes e refugiados para o centro do pensamento da Igreja e a Companhia de Jesus tem priorizado a ação junto a esta fronteira, através do Serviço Jesuíta aos Refugiados, fundado pelo padre Arrupe em 1980. Para o papa, não existe crise de refugiados e sim uma crise de solidariedade, de recusa de homens e mulheres em abrir suas portas a estes irmãos necessitados. Por isso, ele nos conclama a acolher, proteger, promover e integrar estas pessoas, através de uma “cultura do encontro” no lugar da globalização, da indiferença e das políticas de “rejeição e medo”. Da mesma forma, a Companhia de Jesus entende hoje sua missão junto a esta fronteira através do SJR como uma oferta de esperança para as pessoas em total desemparo, como resposta a Jesus Cristo, que disse: “Eu era estrangeiro e vós me acolhestes (Mt 25,35)”. Para concluir, fizemos uma leitura teológica do percurso por nós empreendido, buscando responder à pergunta de Deus em Gênesis 4,9: “Onde está o seu irmão?”
Summary:
O advento do mundo contemporâneo trouxe uma série de questões novas à teologia moral, entre as quais se encontra o problema sobre a definição do que seja pecado mortal. As inúmeras críticas realizadas pelos teólogos revisionistas a moral dos manuais, a necessidade de criar uma moral cristã autônoma e a solicitação conciliar de uma reforma nos estudos de teologia moral nos seminários tiveram como resposta a definição de pecado mortal a partir da doutrina da opção fundamental. Porém, a promulgação da Veritatis Splendor manifestou que as intruções dos pastores da Igreja iam de encontro ao pensamento dos teólogos. Na intenção de contribuir para a solução dessa diferença entre teologia e pastoral, acredita-se que o conceito de pecado mortal de Tomás de Aquino seja o mais adequado para dissolver a disputa. Em virtude da sua dependência literária ao pensamento de Aristóteles, pretende-se destacar o caráter patrístico da obra do Aquinate para que a solução proposta não seja pagã, mas sim essencialmente cristã.
Summary:
Um dos desafios que a Igreja enfrenta na atualidade é fazer com que a mensagem do Evangelho penetre nos corações humanos com profundidade, e isso se deve certamente à mentalidade hodierna, que exalta o individualismo. Existem diversas iniciativas pastorais que buscam atualizar sua linguagem para se tornarem capazes de falar ao coração do ser humano de hoje. Dentre essas, a Direção Espiritual, prática realizada no seio da Igreja desde os primeiros séculos, pode ser uma resposta coerente e mais compatível com a atualidade em virtude de sua própria dinâmica. O objetivo desta pesquisa é verificar em que medida a Direção Espiritual pode ser um auxílio para a pastoral contemporânea, estabelecendo-se inclusive como necessária do ponto de vista antropológico, uma vez que a maior necessidade do ser humano é a de ser acolhido como pessoa, mas também a de ser ajudado a abrir-se para Deus, para os outros e para o mundo.
Summary:
O presente trabalho analisa na perícope de 2 Rs 2,19-25 o tema do poder paradigmático em dar vida e tirá-la, abençoar e amaldiçoar no ministério de Eliseu. Não somente busca evidenciar a função desta perícope como uma unidade, mas também como introdução a todo o ciclo de Eliseu, o qual lidou no seu ministério com o poder de abençoar os obedientes e que respeitam o profeta como genuíno representante de YHWH, e o poder de amaldiçoar aqueles que se lhe opõem. Utilizando o Método Histórico-Crítico e a Análise Narrativa, será evidenciada em 2 Rs 2,19-25 uma mesma trama em dois episódios, servindo de conclusão da seção que engloba todo o conjunto de 2 Rs 2 numa trama unificada. Eliseu é o herói dessa narrativa, o qual tem como objetivo enquanto discípulo tornar-se mestre, o sucessor de Elias; e as simetrias com 2 Rs 1 fazem de 2 Rs 1-2 a narrativa de sucessão profética de Eliseu moldada à sucessão mosaica.
Summary:
A escatologia do amor é o estudo da escatologia de J. Moltmann a partir da sua compreensão de Deus na história do sofrimento do mundo e na história do sofrimento solidário de Deus por este mundo. Amor é o conceito cristão de Deus como Trindade que se move desde o seu futuro em direção à sua criação. Trata-se do Deus Amor que sofre (como Deus) solidariamente no sofrimento de sua criação. O Deus cristão não é apático, imóvel, mas amor. Este amor fundamenta a esperança, esta que é característica fundamental da fé cristã. A partir da passagem da escatologia de um discurso informativo para um discurso performativo, esta pesquisa aponta o dado biográfico da teologia de J. Moltmann e a implicação deste dado na compreensão de Deus desde o Evento Pascal de Cristo, que reflete o pathos divino na cruz de Cristo, solidário na situação de abandono e morte do homem, o sim de Deus a este Crucificado pela sua ressurreição e a irrupção em curso de seu futuro por obra do Espírito Santo. Desde esta perspectiva, a existência cristã como informada pela esperança se fundamenta nesse amor revelador de Deus. Esta pesquisa parte da pergunta por Deus e pela esperança em J. Moltmann, segue aprofundando a compreensão moltmanniana de Deus e reflete o enunciado escatológico desta compreensão de Deus como Trindade, cujo amor invitativo liberta, transforma e integra, caracterizando a fé cristã e sua práxis como um dado escatológico.
Summary:
Estudiosos de comunicação e de tecnologia afirmam que a Internet não é meramente um instrumento, um meio, mas sim um ambiente, com uma forma de se viver própria, que expande sua configuração para outros ambientes e constrói um novo jeito de ser, de pertença, de relacionamento. As novas tecnologias possibilitam a criação de aparelhos que passaram a fazer parte da vida do homem hodierno, chegando a serem considerados uma extensão dele próprio. O ser humano já não se entende sem os meios eletrônicos de comunicação, a ponto de se sentir perdido quando esquece ou perde o celular, ou mesmo quando a conexão com uma rede sem ï¬o não funciona. Diante dessa realidade, a Igreja é desafiada a pensar como poderá ser Sacramento da Salvação no “mundo digital” e integrar a mensagem do Evangelho a esse novo ambiente. Esta dissertação tem como objeto de estudo a necessidade de uma mudança de perspectiva pastoral para que a Igreja possa continuar a cumprir a sua missão de comunicar o Evangelho e instaurar o Reino de Deus nos tempos atuais. É preciso pensar a ação pastoral em chave de comunicação, focada não mais nos meios, mas na cultura midiática, para que, nesse processo necessário de diálogo inculturado, aconteça a conversão pastoral da Igreja, em prol da produção de uma linguagem que seja capaz de comunicar o Evangelho e seus valores a homens e mulheres de nosso tempo.
Summary:
Wolfhart Pannenberg é considerado um dos mais importantes teólogos do século XX. Nesta dissertação estudamos como Pannenberg viu a Igreja no contexto da dádiva do Espírito e como sinal escatológico do reino de Deus. O percurso que realizamos para o estudo foi: apresentar primeiro um resumo da vida e da obra de Pannenberg; depois, os elementos gerais de sua teologia, a explicação do autor sobre a necessidade da teologia sistemática na sociedade secularista moderna e algumas observações sobre o lugar da eclesiologia. Por ï¬m, debruçamo-nos sobre o objeto principal desta dissertação, ou seja, os dois tópicos acima indicados, que estão no início do terceiro volume da obra Teologia Sistemática. Nesses dois tópicos observamos que, para Pannenberg, a Igreja está diretamente relacionada com o Espírito Santo, já que a Igreja só é sinal do reinado vindouro de Deus porque recebe a atuação do Espírito como dádiva escatológica. Vimos que a Igreja se diferencia do reino de Deus, porque ela é apenas sinal e por isso é antecipação e não o próprio reino de Deus. Para Pannenberg, a Igreja é o corpo de Jesus Cristo e assim é representação do mistério da salvação. Concluímos também que o pensamento teológico de Pannenberg colaborou para o diálogo da Igreja com a sociedade moderna e é um pensamento que ainda tem muito a contribuir na atualidade. Por isso, o estudo da sua eclesiologia é relevante para a realização de uma pastoral conexa à realidade concreta dos seres humanos.
Summary:
Ao longo de sua história, a Igreja sempre compreendeu sua missão também como educativa. Educar é anunciar o que recebe e o que vive em sua missão no mundo. O Concílio Vaticano II marca a história deste processo pelo qual a Igreja atualiza a compreensão de si e de sua responsabilidade com o bem comum, através da aprendizagem que a aproxima da humanidade como família. Em sua universalidade, o Concílio coloca a Igreja numa perspectiva de diálogo com todas as realidades, favorecendo projetos que envolvem valores universais. A história é compreendida como tempo de atuação da Palavra de Deus mediado dialogicamente nas culturas. A educação, direito universal do cidadão, tem o amor como condutor. É sistematizada em princípios que consideram sua caminhada e seu ï¬m último. A família, seguida do leigo na escola, fazem parte indispensável e irrenunciável da missão do Corpo de Cristo, na medida que ambas, família e escola, são chamadas a formar as novas gerações no caminho do Reino. A Igreja, no exercício de sua missão, conscientiza-se da identidade educativa, e essa consciência possui uma perspectiva histórica, desenvolvendo- se no seu agir através de sua pastoral no mundo. Conforme a concepção atual de educação, a Igreja, ao mesmo tempo em que aprende, ensina. Ao mesmo tempo em que ensina, aprende, em processo dialógico contínuo (GS 40).
Summary:
A kénosis de Jesus evidencia o ser profundo de Deus – pathos. Ela revela, no esvaziamento de Cristo – esvaziamento obediente ao Pai até morte de cruz –, que o Deus das escrituras é um Deus passível, próximo à humanidade em seu sofrimento, é amor e por ser amor – apaixonado e “sofredor” – sofre com os sofri- mentos de sua criação. Seu sofrimento, no entanto, não constitui uma carência de seu ser, mas sua onipotência no amor. O pathos de Deus evidenciado na kénosis de Jesus difere, em absoluto, do deus da filosofia clássica, cuja existência implica a ordenação do mundo como um motor imóvel ou como o sujeito absoluto da modernidade que recebe a subjetividade de sua criação, portanto, um deus “apático”, indiferente às vicissitudes da história humana. Jesus, em sua kénosis, revela o ser humano como o evento da gratuita autocomunicação de Deus e no ponto culminante de seu esvaziamento – abandono e morte de cruz – acolhe os sofredores, jus- tiï¬ca os ímpios e viviï¬ca os mortos em sua comunhão com o Pai e com o Espírito que procede dessa comunhão amorosa. Sendo assim, os objetivos desse trabalho são: proporcionar uma nova perspectiva para a compreensão de Deus, que nor- teia a fé cristã, através de Jesus Cristo. Este em sua vida e profunda intimidade autocomunica o pathos de Deus e isso pôde ser constatado nesta pesquisa a partir dos diversos livros e artigos consultados para o desenvolvimento deste trabalho. Portanto, concluímos que Jesus em sua kénosis autocomunica o pathos de Deus.
Summary:
Este trabalho quer mostrar que a mulher Teresa de Jesus (1515-1582) ─ escritora, mística, profetisa, fundadora, reformadora, pedagoga, “teóloga” e doutora da Igreja ─ tem muito a dizer à mulher do século XXI. A experiência mística de Teresa é essencialmente evangélica, feminina e trabalhadora. Oferece à Igreja uma doutrina criativa sobre a oração, esta relação de amor- amizade. Teresa foi aquela que contribuiu para a mudança da maneira do pensar feminino derrubando as convenções culturais da época impostas às mulheres. Ela foi uma mulher feminista, que deslocou as relações de poder entre homens e mulheres para melhor viver o autêntico amor concreto. Para ela, graça e liberdade formam o alicerce que o ser humano encontra para viver o verdadeiro amor na entrega de si e na vivência com o outro. Ela mostra que a oração, esse trato de amizade, produz esse despertar, essa autoconsciência de si mesmo. Teresa, como mistagoga, conduz o leitor a experimentar um itinerário de amor e liberdade que ela própria experimentou.
Summary:
O Sl 96, objeto de estudo da presente pesquisa, é uma poesia hebraica caracterizada como um louvor descritivo, enriquecido com o tema do reinado de YHWH. Em contraste com os três primeiros livros do Saltério (cf. Sl 3-89), o livro IV (cf. Sl 90-106) abre nova perspectiva, com um ideal teocrático, avultando a ação soberana de YHWH que age sem um regente humano. E o Sl 96 potencializa os elementos relacionados a esta ação de YHWH, apresentando-o como rei (cf. v. 10b), criador (cf. v. 5b) e juiz (cf. v. 13), e inaugurando o tema da sua soberania universal. Como unidade poética, o Sl 96 é estruturado em três seções que são corroboradas pelos elementos sintáticos, semânticos e estilísticos. Em cada seção há um sujeito expresso, propondo Israel como anunciador da boa nova da ação salvífica de YHWH (cf. v. 1-3), convidando as famílias dos povos a acercarem-se de YHWH e dançarem diante dele (cf. v. 7-9), e conclamando todo o cosmos a exultar de alegria com intensidade (cf. v. 11-12). Nesse convite a sujeitos distintos também se revela a universalidade de YHWH, mas sempre com a cuidadosa e enfática centralidade em YHWH, dada no emprego do suï¬xo de terceira pessoa, masculino, singular (ï‹), no pronome pessoal ×”ï¬µ× e no Tetragrama Sagrado. Como hino de louvor, o Sl 96 traduz um clima de intensa alegria, com o cântico novo cantado pelo povo que celebra os feitos de YHWH (cf. vv. 1-9) e o seu reinado (cf. v. 10), e com toda a criação que se agita de modo barulhento e festivo em razão da sua vinda (cf. vv. 11-13).
Summary:
O presente trabalho estuda os textos de Os 11,8-9; 13,12-14,1. As perícopes foram selecionadas a partir do paradoxo instaurado entre elas. Os 11,8-9 apresenta uma reflexão de Deus diante da questão se Israel deve ou não ser destruído e que suspende o aniquilamento do povo. Dois capítulos depois, no último texto antes da promessa final do livro, Os 13,12-14,1, o mesmo Deus decreta a execução do castigo que levará à extinção do Reino do Norte. Com o intuito de tentarmos indicar como se coadunam as duas perspectivas, que implicam suspensão do juízo e sua afirmação, estabeleceremos elementos de aproximação e oposição entre os textos. Para tanto, serão considerados também os dados redacionais, a ï¬m de elucidar a concatenação entre as duas perspectivas aparentemente contraditórias.
Summary:
Esta pesquisa analisa a relação entre fé e política no pensamento do teólogo e filósofo dinamarquês Soren Aabye Kierkegaard (1813-1855), tomando como base a sua obra ético-religiosa Temor e Tremor. A fé e a política, representadas pela união entre Igreja e Estado, foram temas amplamente explorados por Kierkegaard, que considerou essa forma de entrelaçamento como uma traição ao verdadeiro cristianismo. Sua crítica à cristandade assumiu um duplo movimento, atingindo Igreja e Estado, trazendo inevitavelmente à luz a necessidade de uma crítica religiosa dessas relações para o amadurecimento e aprofundamento da reflexão cristã. Entendemos que a obra Temor e Tremor apresenta a fé como um “modo existencial de ser no mundo”, opondo-se energicamente ao universo cultural, político e religioso do seÌculo XIX, encontrado nos círculos de pertencimento social e político do luteranismo dinamarquês. Realizando uma contextualização histórica do protestantismo no século XIX, a pesquisa procura demonstrar a crítica de Kierkegaard à teologia especulativa, concentrando-se em sua singular hermenêutica luterana do cristianismo (a existência cristã “em virtude do absurdo”), que se confrontou com os desdobramentos ético-políticos da filosofia e teologia hegelianas. A partir destes elementos o trabalho procura elucidar a delicada relação entre fé e política no pensamento religioso de Kierkegaard.
Summary:
O objetivo desta dissertação é mostrar, em perspectiva teológica e histórica, que o ser humano possui liberdade de escolha diante da oferta salvífica de Deus. Fomos buscar elementos necessários para fundamentar o nosso pensamento sobre a veracidade do livre-arbítrio no período patrístico nos primeiros séculos do cristianismo. Ao abordar esse tema, Juan Luis Segundo nos conduz ao paradoxo do conflito liberdade versus determinismo. O cristianismo, quando teve que interagir com a filosofia grega, com o objetivo de difundir a sua mensagem para o mundo, usando e recriando alguns de seus conceitos da fé cristã, foi obrigado a assumir formas de expressão muitos diferentes das encontradas no universo cultural bíblico. O mundo filosófico e cristão adere ao discurso da liberdade, mas em um plano mais imaginário que real, devido ao funcionamento de um mundo onde tudo acontece por acaso. Em seguida, Segundo nos leva ao coração do problema sobre o tema da relação entre graça e liberdade humana, na passagem da epístola aos Romanos 7,14- 25, que consiste no homem dividido e o medo da liberdade, passagem esta que foi palco de controvérsias na história do cristianismo. Segundo não admitia a passividade no ser humano diante de tamanha responsabilidade diante da criação colocada por Deus de tal maneira que, se este não possui liberdade para criar, o mundo inteiro deixa de ter valor aos olhos de Deus e a criação se torna inútil. Segundo enfatiza a importância da atuação dos determinismos que condicionam a vivência humana da liberdade, contudo, veremos que os determinismos abrem espaço para a possibilidade da liberdade, para mostrar que os determinismos não somente limitam, mas são via e a condição de possibilidade da própria liberdade. Outro dado importante foi a negação do livre-arbítrio no período da Reforma Protestante, o que gerou consequências drásticas para a exegese posterior, pois, quando se nega a liberdade do homem diante do convite divino da salvação, toda a responsabilidade da salvação recai em Deus. Por isso, na evangelização atual, faz-se necessário esclarecer a insuficiência das interpretações realizadas no período da Reforma, fazendo uma crítica ao contexto teológico da Reforma. Atualmente, na evangelização, encontramos a mentalidade de modo de limitar a liberdade humana, o que, para Juan Luis Segundo, continua sendo o grande inimigo da fé cristã nos dias atuais. Ainda hoje, muitos cristãos fazem uma leitura da Palavra de Deus, consciente ou inconscientemente, dado que respiram essa filosofia grega dos determinismos.
Summary:
As juventudes têm sido influenciada por culturas alinhadas ao espírito desse tempo e que nada tem a ver com os valores cristãos. Num tempo em que o mundo passa por transformações em muitos aspectos, está em curso a transição para uma nova configuração de comportamentos humanos. Por ainda ser fase inacabada, não se pode ter uma leitura correta de como as coisas serão. É possível, no entanto, perceber como os jovens encaravam a vida no passado recente e como a vida tem sido encarada no mundo líquido moderno. Na impossibilidade de definir como é a juventude atual, ao menos as tendências de comportamento podem ser percebidas. Esse cenário, novo e desafiador, é o campo de atuação dos ministérios de juventudes das igrejas batistas. Através de levantamento bibliográfico de livros, pesquisas oï¬ciais, artigos acadêmicos, dissertações e teses defendidas, esta pesquisa pretende descrever quem são as juventudes modernas, quais as culturas e as tendências que influenciam essas juventudes, e as maneiras de lidar com elas sob uma perspectiva pastoral cristã, particularmente batista. Levando em conta o que já foi feito e o que está em andamento de maneira oficial na denominação batista no Brasil, para que se possa apontar onde queremos chegar enquanto jovens batistas brasileiros.
Summary:
Esta pesquisa buscou analisar o chamado de Jesus ao rico notável, conforme o relato do Evangelho segundo Lucas, e perceber em que medida tal convite não se destina somente ao personagem em questão, mas pode ser estendido a todos aqueles que se aproximem de Jesus reconhecendo nele o caminho para a vida eterna. Concluiu-se que o núcleo do chamado não é o cumprimento dos mandamentos e nem mesmo a distribuição dos bens aos pobres, mas o seguimento de Jesus. Como decorrência, esta adesão a Cristo se traduz na acolhida da vida eterna como graça, e não conquista pessoal; além disso, aquele que acolhe tal chamado é incorporado à Igreja, à comunidade dos seguidores de Jesus. Em oposição à frustrante hesitação do rico notável, outros casos de vocação e discipulado em Lc e At mostram como a acolhida do chamado de Jesus era possível, e seria fonte de alegria duradoura. A pesquisa combinou o método histórico-crítico com métodos de caráter sincrônico, como a análise retórica.
Summary:
A missão do Espírito Santo possui aspectos que com o avanço da teologia ganharam maior atenção pelos teólogos e as diversas tradições cristãs. Jürgen Moltmann, entre um grande número de teólogos, desenvolve uma reflexão original e complexa sobre o Espírito Santo, começando em sua famosa “Teologia da Esperança” e tendo como ápice a produção do livro “O Espírito da vida”, obra dedicada exclusivamente à reflexão sobre o Espírito Santo. Ele produzirá uma Pneumatologia que será orientada pela sua concepção de Escatologia cristã e pelos textos bíblicos do Apóstolo Paulo. Essa pesquisa tem como objetivo principal fazer uma abordagem sobre como Jürgen Moltmann apresenta a relação entre o Espírito Santo e a Esperança Cristã, tendo como ponto de partida os acenos teológicos que ele desenvolveu na “Teologia da Esperança”, seu primeiro livro. Nossa abordagem se dividirá em três diferentes etapas. Em um primeiro momento, iremos nos dedicar a apresentar os principais textos produzidos por teólogos ao refletirem sobre o Espirito Santo. Em seguida, este trabalho vai fazer uma apresentação dos principais aspectos da Pneumatologia moltmanianna através de suas principais obras. O último passo, então, é discorrer sobre como Jürgen Moltmann compreende a relação entre Espírito Santo e a Esperança Cristã. Após a pesquisa, concluímos que nosso autor produz uma Pneumatologia que deve ser lida a partir da Escatologia que ele fomenta em sua Teologia da Esperança. O Espírito Santo é compreendido como o poder viviï¬cante de Deus que faz com que homens e mulheres possam experimentar as promessas do futuro, parcialmente, ainda no presente. Ele garante que elas serão cumpridas e impulsiona a Igreja, que vive na esperança de uma realização plena do que foi prometido, a caminhar dentro da história sinalizando o Reino vindouro por meio de suas ações.
Summary:
Dentro do epistolário paulino a Carta aos Romanos é consagrada por vários estudiosos como o testemunho maior da missão do araldo Paulo. Composta por dezesseis capítulos ela traz em seu bojo, entre outros, temas relevantes como a justificação pela fé, a Lei, a vida no Espírito e a ï¬liação. O centro desta Epístola encontra-se aparentemente no capítulo 8 onde se desenvolve um tratado sobre o πνεῦμα. A presente pesquisa desenvolverá um estudo na unidade literária de Rm 8,14-17 sob a ótica do acolhimento da vida no Espírito que consequentemente gera ï¬lhos de Deus tornando o homem herdeiro do Pai e co-herdeiro de Cristo. Todavia, vale salientar que o mistério da ï¬liação divina não era estranho ao povo escolhido, pois Deus era considerado o Pai das Nações e de tudo que fora criado no céu e na terra conforme a TANAk (Gn 1,1-2,4). Entretanto com Cristo, é inaugurado uma nova perspectiva sem precedente na história da salvação. Por este viés, essa temática sempre será atual, tendo em vista que os textos neotestamentários têm como meta maior, a epifania da pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus, que em si é a plenitude da revelação do Pai na vida do cristão (Jo 12,45; 14, 6-11). Desta forma, em Cristo por intermédio do Espirito Santo, foi-nos dado a possibilidade de participar da vida divina, que no Batismo recebemos e nos permiti a intimidade filial para gritarmos Abba Pai. Por ï¬m, toda essa reflexão somente nos foi possível pela riqueza que encontramos nas ferramentas utilizadas proporcionadas pelos métodos histórico-crítico, retórico e a vasta contribuição literária disposta em dicionários e comentários exegéticos.
Summary:
O presente trabalho estuda os textos de Amós 4.4-5; 5.4-5,21-27. Estes partilham palavras de censura contra o culto celebrado nos santuários de Israel, e trazem, também, oráculos de condenação contra os santuários e contra o próprio povo de Israel. A proposta da pesquisa é, através da análise exegética dos textos, compreender o culto condenado pelo profeta, as razões de sua censura e, por ï¬m, a atitude sugerida por Amós ao povo de Israel para que reverta sua situação.
Summary:
O propósito das parábolas de Jesus, um estudo exegético de Mc 4, 10-12. Esta pesquisa abordou o propósito do uso de parábolas nos ensinamentos de Jesus, isto é, qual ou quais os motivos que levaram Jesus a usar parábolas em seus ensinamentos. Para alcançar os objetivos traçados, esta pesquisa combinou a metodologia da análise narrativa, algumas vezes da análise retórica, com uma análise dos elementos históricos do texto. Com isto a exegese chegou a um resultado, apresentando outra possibilidade de interpretação da teoria sobre o ensino por parábolas expressa em Mc 4, 10-12. A pesquisa concluiu que na atual configuração há possibilidades de admitir que a perícope referida não afirma que Jesus ensinou por meio de parábolas para endurecer o coração de Seus ouvintes, e dificultar-lhes o acesso as coisas do Reino de Deus. Ao contrário disto a exegese concluiu que Jesus usou parábolas em Seus ensinamentos com o propósito de facilitar o processo de entendimento de todos que O ouviam, trazendo à compreensão as coisas do Reino de Deus através de uma linguagem que era familiar e natural aos Seus ouvintes.
Summary:
O avanço da modernidade é um marco na história da teologia. Pois, com ele, também se acentua o caráter antropocêntrico moderno. O ser humano, com suas criações e descobertas, caminha para tomar o lugar de Deus e da cosmovisão cristã clássica, caracterizando um giro antropológico moderno. Naturalmente, esta situação de dualismo moderno envolvendo o ser humano e Deus acaba por exigir alguma reação por parte das teologias cristãs. Algumas acham a saída para tal problema na própria figura humana, fazendo dela um “novo” caminho através do qual é possível falar de Deus. Tal atitude caracteriza um giro antropológico, na teologia. Nessa dissertação, serão apontadas as atitudes básicas de uma teologia que se propõe a realizar tal giro antropológica, cujo teórico principal é o teólogo jesuíta Karl Rahner, enfatizando alguns de seus desdobramentos acerca da questão de Deus. Este caminho será feito para que, ao ï¬m, seja possível expor a construção teológica de Paul Tillich acerca da questão de Deus em sua Teologia Sistemática, levantando a hipótese de que, nela, ele realiza o giro antropológico necessário a toda teologia que pretende reagir ao antropocentrismo moderno. Isto mostra que a possibilidade de Deus não recai, necessariamente, no desprezo ao ser humano e seus avanços.
Summary:
A partir do diálogo promovido pelo Movimento Litúrgico e pelo Concílio Vaticano II, entre a exegese, a patrística e a teologia dogmática, tem sido possível redescobrir um conceito mais bíblico, eclesial e profético dos sacramentos celebrados pela Igreja. Os sacramentos, à luz do pensamento conciliar, têm sido abordados pela teologia como atos do próprio Cristo, que se prolongam na vida de sua Igreja. O ï¬o condutor de nossa pesquisa é a relação profunda que existe entre a teologia das ações simbólicas dos profetas e as de Jesus, as quais se prolongam nas celebrações litúrgicas da comunidade cristã e no testemunho vivencial dos batizados. Por meio dessas celebrações, os que creem são inseridos na vida do Ressuscitado e chamados a prolongar em suas vidas as palavras e ações de Cristo. Desse modo, os fiéis tomam consciência de exercerem o ministério profético que lhes foi conï¬ado no batismo. A compreensão dos sacramentos como ações proféticas é capaz de revelar à própria Igreja a missão profética que é chamada a exercer no mundo de hoje, bem como a sua condição de sacramento de Cristo em prol da salvação de todos os homens.
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A amizade é um fenômeno universal e próprio da condição humana que nasce da livre oferta de si mesmo para lançar-se ao mistério do outro. Por meio dela, os homens tornam-se capazes de encontrar um caminho para a sua humanização. Este trabalho, sob a perspectiva da teologia patrística, retrata a amizade de Gregório de Nazianzo e Basílio de Cesaréia, como um modelo para todo o cristão que busca uma experiência existencial do amor, revestida da Aliança que Deus faz com a humanidade. Para tal, investigou-se sistematicamente a temática da philia cristã, à luz desses dois padres capadócios que ï¬zeram uma grande síntese do pensamento clássico e cristão no século IV. Essa dissertação se fundamenta na Oração 43 de Gregório de Nazianzo, especificamente nos parágrafos 14 a 24, que retrata duas personalidades tão distintas, movidas pela busca da expressão mais sensível do amor de Deus, capazes de viver uma comunhão universal e indivisível, tornadas “como uma alma em dois corpos” a ponto de ser imperceptível a costura que as uniu. Objetiva-se, portanto, demonstrar a relevância da amizade cristã na Oração 43,14-24 como importante instrumento no processo de humanização e de renovação das relações fraternas.